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ModaLisboa: "Isto das marcas que reciclam roupa, estão a reciclar o quê?"

A Associação Natureza Portugal/WWF e a Fashion Revolution Portugal estão na 54.ª ModaLisboa a apelar a uma redução do consumo e a um maior conhecimento acerca da origem, fabrico e outras questões das roupas que cada um veste.

ModaLisboa: "Isto das marcas que reciclam roupa, estão a reciclar o quê?"
Notícias ao Minuto

19:34 - 07/03/20 por Lusa

Lifestyle ModaLisboa

Num ano em que Lisboa é Capital Verde Europeia, a organização da ModaLisboa decidiu focar as ações abertas do público na Sustentabilidade.

Num espaço que marca a entrada para a 54.ª edição, a decorrer nas antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (OGFE), no Campo de Santa Clara, marcam presença quatro projetos ligados à sustentabilidade: Associação Natureza Portugal World Wide Fund for Nature (ANP/WWF), Fashion Revolution Portugal, Catalyst e Planetiers.

A ANP/WWF instalou no espaço um paralelepípedo onde está exposta uma t-shirt branca, 'afogada' nos 2.700 litros de água necessários para a sua produção.

Os 2.700 necessários para produzir uma simples t-shirt branca 100% algodão, segundo informação disponível no local, correspondem a 135 garrafões de 20 litros e são suficientes para o consumo de uma pessoa durante dois anos e meio.

Ângela Morgado, da ANP/WWF recorda à Lusa que a indústria da moda é "uma das indústrias mais poluentes e das que usa maior quantidade de água potável", salientando que "é preciso consumir moda dentro dos limites do planeta".

"A grande questão é [que] o consumidor tem que reduzir o seu consumo. Ou seja, deixar de comprar tanta moda, tanta alimentação, tanto tudo. Nós temos de facto - para viver dentro dos limites do planeta e para termos um estilo de vida que respeita os recursos naturais - que reduzir. É essa a principal menagem que tem que se passar aqui neste evento", afirmou Ângela Morgado.

Diminuir o consumo em moda passa por "restaurar peças, comprar peças de longa duração", ou seja, adotar "um estilo de vida e um estilo de comprar totalmente diferentes".

"Primeiro reduzir, comprar menos, e depois preocupação com ser um consumidor responsável", elencou.

Para ajudar os visitantes a serem mais responsáveis no consumo de moda, está na ModaLisboa a Fashion Revolution Portugal, a organização em território nacional do movimento global pela transparência no setor.

O movimento Fashion Revolution existe "para a sensibilização, essencialmente do consumidor", mas trabalha "com um rol de 'players' da indústria da moda" para que se consiga "entender o que é que está por detrás da indústria e do sistema".

"Trabalhamos pela transparência na cadeia de produção de valor, de moda", explicou à Lusa Teresa Carvalheira, da Fashion Revolution Portugal.

Na ModaLisboa, a organização está "a falar com as pessoas da indústria e o público, e a tentar perceber se sabem coisas sobre as duas roupas e como é que podem saber mais".

No espaço que ocupam está um mapa-mundo, onde as pessoas são convidadas "a deixar a etiqueta com a proveniência da manufatura das roupas que trazem vestidas" e alguém da organização conversa com elas "do que isso pode significar".

Além disso, há postais onde pode "escrever-se aos políticos e aos legisladores e a marcas a fazer perguntas".

"Nós gostamos de fazer perguntas", salienta Teresa Carvalheira.

A organização convida também as pessoas a tirarem fotografias "para partilharem nas redes sociais e identificarem as marcas das roupas que têm vestidas e perguntar "#whomademyclothes?" ("#quemfezasminhasroupas?", em português)".

No mapa, a maioria das etiquetas estão colocadas no continente asiático. "Em geral é no sudeste asiático que são feitas grande parte das nossas roupas, principalmente se estivermos a falar de básicos, como t-shirts e 'tank tops', coisas com manufatura mais simplificada", explicou Teresa Carvalheira, referindo que é a zona do globo "com manufatura mais barata, a nível de mão-de-obra e que tem a maior concentração de fábricas a produzir este tipo de bens".

"Quem fez as minhas roupas" é, segundo Salomé Areias, da Fashion Revolution Portugal, a pergunta de base que os consumidores são incitados a fazer, com a ideia que daí venham outras perguntas.

"O que é que há dentro das minhas roupas? Como é que foi feito? Em que processo? As pessoas que fizeram as minhas roupas têm liberdade de associação? Há sindicatos? Recebem o salário mínimo? E isso significa o quê? Conseguem ter um desenvolvimento intelectual sustentável? E da sua comunidade? Isto das marcas que reciclam roupa, estão a reciclar o quê?", exemplificou.

No espaço que marca a entrada para a 54.ª edição da ModaLisboa, que decorre até domingo, estão também a Catalyst, "uma plataforma inclusiva que encoraja sinergias entre líderes da indústria da moda e cuja missão é apoiar a mudança em direção à sustentabilidade e à economia circular" e a Planetiers World Gathering, "maior evento global de inovação sustentável", que irá decorrer entre 23 e 25 de abril na Altice Arena, em Lisboa.

A 54.ª edição da ModaLisboa, na qual estão a ser apresentadas coleções para o próximo outono/inverno decorre até domingo.

Hoje, até às 18h00 já tinham sido apresentadas as coleções de João Magalhães, Buzina e Luís Buchinho, e ainda serão apresentadas as de Ricardo Preto, Luís Carvalho, Kolovrat, Gonçalo Peixoto e Nuno Gama.

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