A batata doce é uma aliada de peso nas dietas de restrição calórica e amiga de quem pratica exercício físico regularmente. Mas, há mais. Uma descoberta realizada por cientistas japoneses revelou uma utilidade adicional para o tubérculo na luta pela boa forma: de acordo com um novo estudo publicado pela revista Heliyon da Elsevier, o amido na água que sobra da cozedura do alimento pode acelerar o processo de emagrecimento.
Testes realizados em cobaias com uma dieta rica em gordura apresentaram uma maior redução de peso corporal após um mês de alimentação com peptídeo de batata doce produzido pela digestão enzimática de proteínas na água adquirida na cozedura. Tal sugere que o peptídeo desempenha um papel na digestão de gorduras. Contudo, os cientistas apontam que serão necessárias mais pesquisas para determinar se o mesmo processo ocorre nos seres humanos.
Mais de 105 milhões de toneladas métricas de batata doce são produzidas globalmente por ano, de acordo com o Centro Internacional da Batata (CIP), o que a torna a quinta colheita mais importante do mundo. Cerca de 15% da batata doce é usada para produzir produtos de amido, alimentos processados e bebidas destiladas no Japão. As águas residuais resultantes são geralmente descartadas e também podem causar problemas ambientais.
Neste estudo, o médico e professor Koji Ishiguro (National Agriculture and Food Research Organization no Japão) e uma equipa de investigadores queriam encontrar uma maneira de utilizar esse resíduo, por isso investigaram o efeito de proteínas encontradas na água na digestão em camundongos.
"Deitamos fora grandes volumes de águas residuais que contém proteínas de batata doce", explicou Ishiguro. "Encontrar usos alternativos pode ser bom para o ambiente e também potencialmente para a saúde".
Os investigadores alimentaram três grupos de roedores com dietas ricas em gordura, dando a um grupo a proteína digest (peptídeo de batata doce (SPP)) em alta concentração e uma concentração mais baixa a outro. Após 28 dias, os ratos foram pesados e foi medida a sua massa hepática e tecido adiposo. Os cientistas também verificaram os níveis de gorduras, colesterol e triglicéridos, bem como leptina, que controla a fome, e adiponectina, que regula a síndrome metabólica.
Os ratos aos quais foi administrado SPP tinham um peso corporal e massa hepática significativamente mais baixos, além de níveis menores de colesterol, de triglicéridos e de hormonas de controle de lípidos. Os resultados sugerem que o SPP ajuda a ativar a supressão do apetite e controlar o metabolismo lípidico em camundongos alimentados com dietas ricas em gordura.
"Ficamos surpresos em como o SPP reduziu os níveis de moléculas de gordura nos ratos, o que parece estar ligado ao controle de moléculas de supressão do apetite", comentou Ishiguro. "Estes resultados são muito promissores e fornecem novas opções para a utilização deste efluente em vez de descartá-lo. Esperamos que o SPP seja usado para o material alimentar funcional no futuro".
