A OMS já alerta há alguns anos que as doenças mentais são a grande epidemia do século XXI, e esse facto pode ser constatado por conta de diversos fatores, inclusive o excesso de trabalho e o ambiente corporativo extremamente competitivo e pouco saudável. De acordo com a organização, 50% das pessoas que sofrem de depressão, por exemplo, nem sabem que possuem a anomalia e por esse motivo não procuram ajuda.
A médica Ana Paula Aquino Mendes, psiquiatra da Paraná Clínicas, no Brasil, explica que trabalhar excessivamente aumenta o risco de doenças cardiovasculares como hipertensão e diabetes, doenças psicossomáticas, ansiedade, LER (lesão por esforço repetitivo)e outras patologias. “Existem inúmeros transtornos que podemos citar e que são relacionados ao excesso de trabalho. A Síndrome de Bournout, por exemplo, não é tão conhecida, mas é extremamente séria, pois o indivíduo acometido por essa condição passa a sofrer de exaustão emocional, sentimento de perda de competência, ansiedade, angústia, tristeza, insónias, diminuição de concentração e de memória”, esclarece.
Ainda, segundo a especialista, o impacto que o excesso de trabalho causa é um dos problemas mais graves que as empresas enfrentam, já que longas jornadas de trabalho com poucas pausas para descanso, turnos alternados e ritmos intensos causam quadros ansiosos e depressivos, fadiga crónica e alterações do sono.
Sobretudo a depressão, aquela que é considerada a doença do foro psiquiátrico mais comum, deveria estar na ordem do dia entre os assuntos urgentes a serem abordados pelos recursos humanos das grandes empresas. A depressão é um dos principais problemas de saúde no mundo desenvolvido, estimando-se que mais de 322 milhões de pessoas padeçam da condição, o que por sua vez diminui a produtividade, leva a quadros de esgotamento e longos períodos de baixa laboral.
Os sintomas da depressão incluem:
- Sentimentos de tristeza e aborrecimento;
- Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;
- Sensações de aflição, preocupação, receios infundados e insegurança;
- Diminuição da energia, fadiga e lentidão;
- Perda de interesse e prazer nas atividades diárias;
- Perturbação do sono e do desejo sexual;
- Variações significativas do peso por perturbações do apetite;
- Sentimentos de culpa e de auto-desvalorização;
- Alterações da concentração, memória e raciocínio;
- Sintomas físicos não devidos a outra doença (dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crónica, mal-estar geral);
Ideias de morte e tentativas de suicídio.
Como se trata a depressão?
O tratamento é importante de modo a que a depressão não se arraste e se agrave. Se os sintomas não forem reconhecidos como fazendo parte de uma doença, a avaliação negativa feita pelos outros tenderá a acentuar a fraca imagem pessoal e a reduzida autoestima.
O suicídio é uma possibilidade que não deve ser esquecida e o tratamento é essencial para reduzir esse risco e permitir a melhoria dos sintomas da depressão.
Existem diversos tratamentos possíveis para a depressão, incluindo-se nestes os medicamentos antidepressivos e a psicoterapia.
O prognóstico da depressão é bom e depende essencialmente do tratamento instituído e de um adequado controlo de todos os fatores de risco presentes em cada caso.
Se estiver a sofrer de depressão, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral.
Pode ainda contactar a organização SOS Voz Amiga (213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660 / Diariamente das 16h às 24h Linha Verde gratuita - 800 209 899 / Entre as 21h e as 24h).