Champôs que prometem reparar os fios não fazem mais do que os clássicos
Todos lavam bem o cabelo como indicam os dados divulgados pela Deco Proteste, mas nenhum champô se destaca. Pois reparar os fios através da lavagem é uma missão impossível, já que as células mortas não se regeneram.
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Lifestyle Cabelo
Alisamentos, sol, praia, humidade, cloro das piscinas, coloração ou o calor do secador infligem “maus-tratos” ao cabelo e podem deixar marcas irreparáveis, como refere a Deco Proteste.
O que acontece é que quando surgem pontas espigadas, os fios jamais voltam ao normal, porque são formados por células mortas, impossíveis de regenerar, desse modo não há champô reparador ou não que resolva o problema e a única solução é cortar a parte estragada.
De acordo com o Regulamento Europeu dos Cosméticos, as alegações, implícitas ou explícitas, usadas na rotulagem e na publicidade não podem atribuir aos produtos características ou funções que estes não possuem e devem ser baseadas “em elementos comprovativos adequados e verificáveis”, aponta a Deco.
Ou seja, se o cabelo só tem células vivas na raiz, não é honesto dar a entender que o uso de um champô permite restaurar danos.
A Deco Proteste refere no seu site que questionou o Infarmed sobre o assunto, mas que a resposta foi pouco esclarecedora: “A avaliação da conformidade é analisada caso a caso”.
Num conjunto de 28 champôs ‘reparadores’ testados pela Deco Proteste e por outras sete associações de consumidores europeias, apenas dois apresentaram alguns benefícios.
Experiência
O aspeto do cabelo foi avaliado em laboratório por especialistas, que lavaram a cabeça de 25 mulheres. Todas tinham o cabelo pelos ombros, seco e danificado. Nos cinco dias anteriores ao teste, as participantes usaram o seu champô habitual e não aplicaram qualquer amaciador.
Após a lavagem, os especialistas secaram e pentearam os cabelos, avaliando, por exemplo, a facilidade em desembaraçar e escovar o cabelo molhado e seco, a maleabilidade, o brilho, efeito eletroestático, concuída a secagem.
Globalmente, todos os produtos passaram nas provas e um obteve a classificação máxima.
No laboratório, a eficácia da lavagem foi medida em madeixas de cabelo claro natural, com sete centímetros de comprimento, intencionalmente sujas. Em condições idênticas e bem controladas, algumas destas madeixas foram lavadas só com água, outras com um produto de referência sintetizado em laboratório, e outras com os champôs testados.
“Primeira conclusão: ao contrário do que pensam alguns, a lavagem só com água não remove a sujidade. Quanto aos champôs, não se registaram diferenças entre os seis testados”, pode ler-se no portal da Deco Proteste.
Os seis champôs foram ainda reembalados em laboratório, para que a marca não fosse reconhecida, e distribuídos por 30 mulheres com cabelo danificado. Estas lavaram a cabeça três vezes numa semana com o mesmo produto, sem usar amaciador. Depois, preencheram um inquérito em que avaliaram uma série de critérios, como consistência, textura, quantidade de espuma, sensação de limpeza e facilidade em aplicar o produto e em pentear o cabelo (seco e molhado). No geral, as avaliações das utilizadoras foram mais baixas do que as dos especialistas, não havendo diferenças entre os champôs que se dizem reparadores e os clássicos.
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