Depressão: Entenda por que a versão atípica da doença é tão perigosa

Um sorriso é sinónimo de felicidade, certo? Nem sempre.

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Liliana Lopes Monteiro
26/02/2019 09:00 ‧ 26/02/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Sorriso no rosto

Existem indivíduos que são capazes de sorrir, viver momentos alegres e, ainda assim, nutrir sentimentos suicidas.

A comunidade médica e científica apelida esses indivíduos como sendo afetados pelo que se conhece popularmente como ‘depressão sorridente’ - o termo clínico, na verdade, é depressão atípica, como explica Olivia Remes, especialista em ansiedade e depressão da Universidade de Cambridge, num artigo científico partilhado na publicação Conversation e divulgado pela BBC News.

Remes explica que é difícil identificar aqueles que sofrem da doença exatamente porque os sintomas são frequentemente mascarados por falsas demonstrações de felicidade e porque, muitas vezes, são pessoas sem motivo aparente para estarem deprimidas: têm trabalho, casa, amigos, família ou estão financeiramente estáveis.

Alguns dos sintomas, contudo, podem ajudar a detetar quando alguém - ou nós mesmos - se encontra verdadeiramente deprimido, ainda que demonstre ocasionalmente estar feliz.

Sintomas

Estes variam de pessoa para pessoa, ainda assim alguns são transversais:

  • Uma melhoria temporária do estado de ânimo - provocada, por exemplo, pela chegada de boas notícias, da mensagem de um amigo ou elogio do chefe - seguida de uma recaída;
  • Aumento do apetite e ganho de peso;
  • Dormir por longas horas e, ainda assim, sentir sono durante o dia (enquanto outros tipos de depressão fazem as pessoas dormirem menos);
  • Sensação de torpor e peso nos braços e nas pernas;

  • Maior sensibilidade a críticas e rejeição, o que pode afetar as relações pessoais e profissionais.

Mais subtil, mas incrivelmente mais perigosa

A dificuldade em entender que uma pessoa que aparentemente está bem está afinal a sofrer de depressão faz desta variante da doença mais perigosa que as outras, ressalta Remes.

Todavia, há outros fatores que agravam esses casos.

Por um lado, aquele que sofre da doença atípica demora mais tempo a procurar tratamento por não conseguir identificá-la.

Por outro, essas mesmas pessoas costumam ter dificuldade em reconhecer as suas próprias emoções. Como tal, trabalhar a partir de um ponto de vista psicológico é geralmente muito difícil numa fase inicial.

Mais ainda, a capacidade daqueles que sofrem deste tipo de depressão de continuar a realizar tarefas e atividades do dia a dia eficientemente pode ser paradoxalmente contraproducente, como alerta Remes.

"A força que têm para seguir com a vida diária pode deixá-las especialmente vulneráveis a levar a cabo pensamentos suicidas. Isso contrasta com outras formas de depressão, nas quais as pessoas podem ter pensamentos suicidas, mas não energia suficiente para levá-los adiante”.

O tratamento geralmente envolve a prescrição de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida.

Remes acrescenta, ainda, ser benéfico na sua experiência profissional a prática regular de exercício físico e de meditação.

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