"O pénis não é apenas parte do corpo: é um fator determinante na identidade e no comportamento". A frase, escrita pelo ensaísta britânico Tom Hickman revela a dimensão da importância do órgão para os homens. Símbolo de poder, domínio e virilidade, o pénis sempre ocupou posição de relevância na cultura de praticamente todas as civilizações.

Segundo uma reportagem divulgada pela revista VEJA, nos países ocidentais prevalece a perspetiva romana, na qual o pénis grande é visto como um símbolo de poder. Os generais romanos promoviam os subordinados com base no tamanho dos seus dotes. A crença é: ‘quanto maior, melhor’.

No passado, o antigo presidente norte-americano Lyndon Johnson reunia-se com os seus assessores enquanto tomava banho, apenas para exibir o seu ‘poder bélico’. Já Charles Chaplin orgulhava-se de ter a ‘Oitava Maravilha do Mundo’…

Nos dia de hoje, uma rápida busca no Google com o termo ‘aumento do pénis’ traz mais de 1 milhão de resultados. A maioria promete o fim do complexo de inferioridade. Variam de tratamentos caseiros a cirurgias, implantes, injeções, pílulas e até técnicas de massagem. Para desilusão dos homens, a ciência é clara: não existe, até hoje, um método seguro e eficaz capaz de aumentar – em comprimento ou circunferência – o tamanho do pénis.

No entanto, a falta de validação científica não é empecilho para quem não está satisfeito com o tamanho do membro. Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética mostram que entre 2013 e 2017 foram realizados 45 604 procedimentos de aumento de pénis no mundo.

No London Centre for Aesthetic Surgery, clínica de estética referência no método, o número de cirurgias passou de cerca de cinco por ano na década de 1990 para 250 em 2017.

Alongar ou preencher?

Existem duas possibilidades para aumentar o pénis: alongamento ou preenchimento.

O último, chamado bioplastia peniana, é o preferido. “Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 30% na procura por esse procedimento”, afirma o cirurgião plástico Murillo Caldeira.

A técnica consiste na injeção de um material biocompatível, como gorduraretirada do próprio paciente (por meio de lipoaspiração) ou ácido hialurónico no tecido sob a pele do órgão. O procedimento tem cerca de uma hora de duração e aumenta a circunferência do órgão entre um a cinco centímetros.

A recuperação requer a abstenção de relações sexuais por duas semanas. Os possíveis efeitos colaterais incluem infeções, inchaço, absorção do material injetado, formação de nódulos e deformações.

Para alongar, é feito um corte nos ligamentos que prendem a base interna do pénis aos ossos da bacia. Após o corte, essa parte projeta-se para fora, aumentando o tamanho do órgão em cerca de dois centímetros. O principal cuidado depois da cirurgia consiste em tomar um medicamento para evitar ereções. Os riscos incluem redução da ereção e retração do pénis.

Vale ressaltar que o aumento do comprimento só se nota quando o pénis está flácido. Quando está ereto, não há qualquer diferença. Mas, para muitos, o importante é causar uma boa primeira impressão. Seja no quarto ou no balneário do ginásio. Diz Sidney Glina, urologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC: “É uma questão muito curiosa. Na maioria dos casos, trata-se daquilo que chamo ‘uma questão de balneário’, um problema de autoafirmação em relação aos outros homens e não com as mulheres”.

Um estudo do King’s College, em Londres, concluiu que um terço dos homens não está satisfeito com o tamanho do pénis.