"As vozes chamavam por mim": Entenda o que significa viver com psicose

“Passei dez anos a esconder que sofria de psicose”, revelou o paciente Luke Watkin numa reportagem à BBC News.

"As vozes chamavam por mim": Entenda o que significa viver com psicose

© iStock

Liliana Lopes Monteiro
19/09/2018 11:00 ‧ 19/09/2018 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Mentes perigosas

Watkin estava na escola, sozinho no corredor, quando ouviu um barulho estranho pela primeira vez. Tinha 12 anos.

"Ouvi um barulho que se assemelhava a um comboio, seguido por um ruído de metal. Era algo completamente fora do comum. Foi um choque, algo que não pude entender e processar", diz.

"Essa experiência foi aterrorizante."

Aquele foi o primeiro contato de Luke com um problema chamado psicose.

Luke conta que, de ouvir barulhos, passou a escutar palavras, o seu nome e, eventualmente, frases inteiras. "Era como se alguém estivesse a tentar falar comigo. As vozes chamavam por mim"

Os principais sintomas de psicose são alucinações e delírios. O problema pode ser causado por uma doença mental específica, como esquizofrenia, distúrbio bipolar e depressão severa.

A psicose também pode ser desencadeada por uma experiência traumática, stress, consumo de drogas e álcool, surgir como efeito colateral de toma de medicação ou sintoma de um tumor cerebral.

A importância de um diagnóstico precoce

Embora não seja tão comum como depressão, afetando menos de uma pessoa em cada 100, os especialistas dizem que é importante reconhecer os sintomas da psicose cedo, para que o tratamento seja mais eficaz.

Pessoas com psicose correm o risco de se ferirem a si próprias ou de cometer suicídio. Os primeiros episódios de psicose costumam ocorrer entre as idades de 18 e 24 anos.

Sintomas

- Alucinação: quando alguém ouve, vê, sente, cheira ou prova coisas que não estão, de facto, ali;

- Ouvir vozes;

- Delírios: Quando uma pessoa tem fortes crenças que não são compartilhadas pelos outros;

- Um delírio comum é alguém acreditar que existe uma conspiração para a prejudicar;

- Fala rápida e repetida;

- Fala confusa;

- Perda repentina da linha de raciocínio, provocando uma pausa abrupta na conversa ou atividade.

Luke tentou conversar com um professor na época da primeira crise. "Fizeram-me sentir que se tratava de algo sobre o qual eu não deveria falar”.

Mas, na universidade, passou a não conseguir esconder a condição. Luke desistiu dos estudos e cortou o contato com a família.

"Quando cheguei ao pior estágio da minha doença mental optei por desaparecer", conta.

"Depois de desaparecer, ficou claro para a minha família que algo estava errado. Esse foi o primeiro passo para que procurasse ajuda”.

O tratamento

O tratamento envolve uma combinação de medicamentos para controlar a doença, terapias psicológicas e apoio familiar.

Atualmente, Luke tem 26 anos e ajuda outros jovens que passam pelo mesmo problema. Ele afirma ver uma mudança na forma como as pessoas encaram a psicose.

"Acho que hoje em dia as pessoas sentem uma menor necessidade de esconder a psicose. É muito mais fácil falar sobre o assunto do que tratá-lo como um tabu. É algo que simplesmente pode acontecer a qualquer pessoa”, alerta.

 

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