"Mãe de três filhos. Comilona-bruta-mimada. Eterna adolescente já sem certezas absolutas mas com diversas dúvidas existenciais. Feliz”. É assim que a blogger se descreve no espaço que criou há 13 anos quando tinha um filho de três anos e era jornalista. “Queria escrever e ser lida. Apenas isso. Os blogs eram uma montra de letras nessa altura”.
Hoje, é mãe de três e o blog é visto como parte da sua rotina diária – e da própria família – onde não mostra nem metade da sua vida pessoal. Do que mostra, muito surge em forma de desabafo, partilha, ou outra forma de texto, que em mais de uma década aproximou Catarina Beato dos seus leitores, que são principalmente mulheres – e mães.
Os filhos aparecem frequentemente pelo blog. Ao Notícias ao Minuto, a autora de ‘dias de uma princesa’ explica que “Maria Luiza [filha] aparece muito porque está 24 sobre 24 horas [com Catarina]”. Para os seguidores, esta presença é normal e não é confundida com a vida privada da família.
Mas sendo blogger ou não, as redes sociais e internet no geral estão muito presentes. Deve haver limites por parte do que os pais mostram e expõem? E como é que se lida com os dois lados? No Dia da Mãe, foi este o tema sobre o qual falámos com Catarina Beato.
Atualmente, a sua ocupação é apenas o blog?
O meu rendimento vem em grande parte das várias plataformas de influência digital. Mas a minha ocupação são muitas outras coisas. Primeiro, tenho a Maria Luiza com 19 meses ainda em casa. Depois, existem os livros e outros projectos apenas de escrita. Paralelamente, estou a apostar na área do coaching. E outras coisas que não dão dinheiro mas dão muito prazer, como continuar a investir na minha formação.
Há mais de uma década, previa que este projeto seria um trabalho?
Claro que não. Nem pensar. Tomara eu ser lida por mais alguém, sem ser a minha mãe. Era apenas um diário público.
Nunca 'ser mãe' será um negócio. O meu projeto digital sou eu, eu sou mãe, mas sou muitas outras coisasPensado ou não, o blog cresceu e ganhou dimensão. Mostra uma Catarina em várias situações onde o papel de mãe tem destaque. Tendo-se tornado numa fonte de rendimento, podemos falar em ser mãe como um ‘negócio’?
Nunca 'ser mãe' será um negócio. Para ninguém. Para mim também não. O meu projeto digital sou eu, eu sou mãe mas sou muitas outras coisas. Neste momento, Maria Luiza parece muito porque está 24 sobre 24 horas comigo. Apenas os 'haters' poderão pensar nisso.
Vê o blog como parte do seu dia a dia? E do da sua família?
Não. Vejo o blog como uma espécie de diário que ganhou influência e que tenta tocar assuntos que interessam a quem me lê. Para a minha família, faz parte como a profissão de qualquer outra mãe.
O crescimento da Maria Luíza, por exemplo, foi acompanhado pelas suas seguidoras desde que a Catarina ainda estava grávida. Tal foi discutido ou foi apenas algo que aconteceu, atendendo ao papel que o blog tem atualmente para si?
Foi natural. Quem me lê soube que era solteira, que me apaixonei, que casei, que engravidei. Os filhos são parte de mim, e vão crescendo e sendo independentes. Faz parte. A exposição é apenas uma consequência.
Considera que o seu caso é particular ou comum ao de outras mães?
Pelo feedback que recebo, somos muitas em realidades que se tocam bastante.
Tenho uma relação afetiva muito forte [com as leitoras]. Algumas pessoas conhecem-me há 13 anosQuem é o público do 'Dias de uma Princesa'? Que relação tem com o mesmo?
São mulheres, são mães. Tenho uma relação afetiva muito forte [com as leitoras]. Algumas pessoas conhecem-me há 13 anos, trocamos mensagens, momentos difíceis.
Esta aproximação à tecnologia é uma realidade incontornável. Qual o lado positivo desta ferramenta enquanto parte do seu dia a dia, e especificamente enquanto mãe?
A tecnologia bem usada é uma forma de comunicação poderosa e maravilhosa. Uso-a para estar mais próxima da família, dos amigos, do meu filho maior. Usamos para partilhar temas e conversas.
Sou uma mãe galinha mas sempre a contrariar issoComo se descreve enquanto mãe? E enquanto blogger?
Sou uma mãe normal e apaixonada pelos meus filhos. Sou galinha mas sempre a contrariar isso. Como blogger sou transparente.
Como disse no próprio blog, apenas mostra uns 5% do que se passa em casa. O que mostra é pensado em cada situação? Há regras?
Mostro aquilo com que me sinto confortável. Exatamente como converso num café cheio de gente ou ando na rua.
É criticada pela forma como expõe os seus filhos?
Raramente. E quem o faz infelizmente é maldoso. Cada família tem a sua opinião em relação a este tema e deve agir de acordo com aquilo com que se sente bem.
Os meus filhos participam quando pedem, quando querem e apenas quando lhes apetece Como é que os seus filhos veem esta realidade de ser filmados e se verem no blog?
Faz parte da minha vida e para eles é normal. Participam quando pedem, quando querem e apenas quando lhes apetece.
A internet – redes sociais, blogs, ... – veio mudar a forma de se educar?
Não vejo as coisas dessa forma. A internet faz parte da nossa realidade. Mudaram muitas coisas porque os tempos mudam. Tornaram-se mais rápidas, algumas coisas mais difíceis, outras mais fáceis.
Existe uma diferença entre mostrar e expor. Eu mostro uma parte, não exponho fragilidadesQue limitações considera que deve haver à exposição dos nossos filhos através do uso da tecnologia?
Devemos pensar que existe uma diferença entre mostrar e expor. Eu mostro uma parte, não exponho fragilidades. Em relação ao uso feito por eles, devem entender exatamente o mesmo: podem mostrar desde que isso não os fragilize ou coloque em situações difíceis. Como diria a minha mãe, liberdade e responsabilidade são faces da mesma moeda.
Qual o próximo passo para o 'Dias de Uma Princesa'?
O mesmo de sempre: ser mais feliz todos os dias. Mesmo nos difíceis.
