Sean 'Diddy' Combs foi condenado a quatro anos e dois meses de prisão, conforme revela a imprensa internacional conforme a decisão tomada pelo tribunal esta sexta-feira, dia 3 de outubro.
O rapper de 'Bad Boy for Life' terá de pagar uma multa de 500 mil dólares (aproximadamente 425 mil euros) e frequentar programas de reabilitação para tratar problemas de foro mental e vício em substância.
"Considerei o facto de que ser um artista e empresário que cresceu sozinho, que inspirou e elevou comunidades", realçou o juiz responsável pelo processo, Arun Subramanian.
"Abusou das vítimas física, emocional e psicologicamente", acrescentou, referindo-se às famosas Freak-Offs, festas de sexo, regadas a álcool, que o artista organizava com frequência na sua mansão e para as quais convidava as vítimas.
"Porque é que isso aconteceu durante tanto tempo? Porque tinha o poder e os recursos para manter isso", argumentou.
Para o juiz, não havia certezas de que se libertasse o rapper, detido desde o ano passado, este não voltaria a repetir os mesmos crimes. Para além disso considerou que seria importante fazer de Diddy um exemplo para outros possíveis abusadores.
Vale notar que a decisão foi tomada três meses depois de Combs ter sido considerado culpado de duas acusações de transporte para prostituição. Este foi absolvido das acusações de tráfico sexual e extorsão.
A audiência de sentença decorreu hoje no tribunal de Nova Iorque, onde o magnata foi julgado, contando com a sua presença e perante uma grande multidão.
Seis dos sete filhos do rapper imploraram em lágrimas ao juiz uma "segunda oportunidade" para o pai, noticiou a agência Associated Press (AP).
Durante a audiência, Sean 'Diddy' Combs pediu desculpa e classificou o seu comportamento passado como "repugnante, vergonhoso e doentio", acrescentando que a sua violência doméstica é um fardo que terá de carregar para o resto da vida.
Sean 'Diddy' Combs foi detido em setembro de 2024 e acusado de conspiração de crime organizado, extorsão e de duas acusações de tráfico sexual, que envolviam as ex-namoradas Cassie Ventura e 'Jane' (pseudónimo).
O músico foi absolvido em julho das principais acusações, que tinham pena mais gravosa, de prisão perpétua, e condenado por duas acusações referentes a um crime de prostituição, incluindo transporte com intenção de promover prostituição.
Os procuradores pediam 11 anos de prisão para Sean 'Diddy' Combs, com 55 anos, fundador da Bad Boy Records e que foi durante décadas uma figura multifacetada na cultura hip hop.
Na véspera da sua sentença, Combs escreveu ao juiz distrital dos EUA, Arun Subramanian, pedindo misericórdia e autoproclamando-se renascido depois de perceber que estava "destruído até à medula".
Combs foi sentenciado ao abrigo da Lei Mann, que torna ilegal transportar alguém através das fronteiras estaduais para fins de prostituição ou outros atos sexuais ilegais.
Os procuradores instaram o juiz a rejeitar a leniência, dizendo que as testemunhas temem pela sua segurança se for libertado.
Os advogados de Combs defendiam a sua libertação imediata, alegando que a longa pena pedida pelos procuradores é "extremamente desproporcional" ao crime.
O seu julgamento de quase dois meses num tribunal federal de Manhattan contou com testemunhos de mulheres que descreveram ter sido espancadas, ameaçadas, abusadas sexualmente e chantageadas por Combs.
A procuradora Christy Slavik disse ao juiz distrital dos EUA, Arun Subramanian, que não condenar Combs a uma pena de prisão significativa seria, na prática, permitir-lhe escapar impune de anos de violência doméstica.
Um dos advogados de Combs, Jason Driscoll, disse ao juiz que a Lei Mann nunca deveria ter sido aplicada a Combs. Outra das suas advogadas, Nicole Westmoreland, emocionou-se ao explicar como Combs a inspirou pessoalmente.
"O senhor Combs não é maior do que a vida. É um ser humano. E cometeu alguns erros. Tem defeitos, como todos nós". Mas, senhor juiz, quantos de nós podemos dizer que ajudámos tantas vidas, inúmeras vidas?", destacou Westmoreland.
Os jurados assistiram a gravações das maratonas sexuais em questão, bem como a imagens de câmaras de segurança de um hotel de Los Angeles que mostram P. Diddy a arrastar Cassie para o chão e a espancá-la.
Extremamente agressivos durante os interrogatórios, tentando desacreditar as testemunhas de acusação, os advogados de defesa não negaram os factos.
No entanto, insistiram que as "aberrações" foram consensuais e que o seu cliente tinha um estilo de vida poliamoroso que não se enquadra na lei penal.
A defesa também não escondeu os seus esforços para obter o perdão presidencial de Donald Trump, hipótese já rejeitada numa entrevista pelo republicano.