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"O amor é o melhor método de educação. Consegue-se criar boas pessoas"

Ser "um pai presente" é o foco principal, mas Ricardo Raposo não diz não aos novos desafios e não tem medo de ter as 'mãos na massa'.

"O amor é o melhor método de educação. Consegue-se criar boas pessoas"

O ano de 2021 trouxe a Ricardo Raposo uma grande aventura: o primeiro papel como "elenco fixo" numa novela. O ator dá vida a André em 'Amor Amor', da SIC, e espera "agora ir por aí fora".

Os últimos doze meses, no entanto, não foram um mar de rosas, pelo contrário. A partida da mãe, Maria João Abreu, em maio, tornou este ano marcante e difícil. "Acho que ninguém está à espera de outra resposta. Nós sofremos horrores e é uma perda imensa, até porque Portugal inteiro perdeu esta pessoa, então imagine-se a família. Mas a questão é que nós temos uma maneira de estar na vida de continuidade, com esperança de futuro, porque assim é que tem que ser, porque a vida é para se ser feliz", partilhou em conversa com o Fama ao Minuto.

A sua simpatia e simplicidade tomaram conta desta entrevista, onde fala do “amor, o melhor método de educação”. Ricardo Raposo é pai de duas crianças, os pequenos Matias e Noah, fruto da relação com Rita Raposo. 

A participação da companheira no 'The Voice' também foi tema de conversa, assim como as reações nas redes sociais. Além disso, não deixou de partilhar a sua perspetiva do que diz respeito à evolução da cultura em Portugal, destacando que "precisávamos é que houvesse cultura mais espalhada pelo país, descentralizada". 

Já tinha feito participações em televisão, mas eis que 2021 trouxe o ‘primeiro papel’ numa novela… O André de ‘Amor Amor’. 

Exatamente. Foi a primeira novela em que participei constantemente, como elenco fixo. Foi uma experiência maravilhosa, fantástica. Para começar, pelo trato que as pessoas tiveram para comigo, um grupo muito, muito leve, assim como exige o próprio enredo, a própria trama. A novela também é muito leve. As pessoas davam-se todas muito bem. Apesar dos núcleos dentro da novela, depois cá fora não havia núcleos, estávamos todos juntos e isso era muito giro. Acima de tudo boas pessoas!

Tendo sido o primeiro 'grande' papel numa novela, era aquilo que estava à espera?

Acho que foi a cereja no topo do bolo. Sinto-me muito contente, muito lisonjeado com o convite que me fizeram e com a personagem que me deram porque, além de ser um trabalho de ator, tive muito trabalho como cantor. Tive um desafio enquanto cantor, também, porque cantamos muito, mesmo. Juntamente com o Ivo [Lucas] – de quem gosto muito, aproveito para dizer que o Ivo é 5 estrelas, uma pessoa espetacular e demo-nos muito bem a gravar um com o outro. Às vezes as pessoas podem dar-se bem lá fora e depois chegar à cena e não têm uma química, uma interação. E nós fomos espetaculares, tanto eu com o Ivo como com a Filipa [Nascimento].

Já tem muita experiência em teatro, mas ao trabalhar em televisão sentiu algum tipo de dificuldade? Porque no fundo é diferente representar num palco ou para as câmaras…

Sim, há uma adaptação e essa parte foi muito ajudada pela direção de atores que foi uma equipa maravilhosa. Na televisão tem que se ter um pouco mais de naturalidade do que no teatro. Mas acho que um ator, quando é focado e quando tem talento, acaba por se conseguir dar bem com todos os formatos de representação.

A dificuldade foi a mesma para nós entrarmos no meio. As pessoas podem pensar que às vezes é mais fácil e que há cunhas, mas não. É mesmo complicado entrar neste meio artístico

Recebeu algum feedback na rua sobre o André de 'Amor Amor'?

Sim, claro que sim, muito. Já sou o André. E [de pessoas] muito jovens. Até de algumas crianças, que me reconhecem na rua. Não sei se por ser uma novela mais leve com cantorias, a novela que dá mais cedo na SIC...

Nas suas primeiras entrevistas logo ao início deste trabalho disse que gostava que este projeto lhe traga "visibilidade para poder continuar por aí fora". É o que espera nesta fase?

Sim. Temos sempre que ter a primeira oportunidade e esta, no fundo, foi mais ou menos a minha primeira oportunidade para demonstrar o meu trabalho, as minhas valências. Espero agora ir por aí fora. 

E o que é que idealizava, o que é que gostava mais de fazer?

Neste momento, confesso que a minha prioridade é sempre ser um pai presente. Portanto, agora já não estou a falar de trabalho, mas é muito trabalhoso. (risos) Ser um pai presente, ativo em todos os aspetos, emocional e práticos, domésticos, e ainda tentar ser minimamente bom profissional é uma coisa que sai mesmo do pelo. É muito difícil singrar nos dois setores - no familiar e profissional. Vou tentando e acho que está a correr bem.

Ser filho de artistas ajuda a conseguir seguir o mesmo caminho ou acaba por prejudicar?

No meu caso e no do Miguel [Raposo, irmão mais velho de Ricardo Raposo], penso que sejamos casos em que nunca tivemos a ambição de ter que ser algo porque os nossos pais eram. Pode haver essa perspetiva de quem está de fora. Não tem nada a ver o facto dos nossos pais serem artistas, a dificuldade foi a mesma para nós entrarmos no meio. As pessoas podem pensar que às vezes é mais fácil e que há cunhas, mas não. É mesmo complicado entrar neste meio artístico. Tanto que os meus pais nunca tiveram esse discernimento, essa lata para nos empurrar para o meio televisivo.

Agora, ultimamente, a minha mãe já dizia que era a nossa agente e andava muito mais à-vontade para pôr os nossos currículos aqui e ali. Porque, de facto, os meus pais – e até numa fase em que eles tinham uma posição muito mais elevada nas televisões e que faziam inclusive produções televisivas – sempre puseram pessoas carenciadas de trabalho, colegas, e nunca tiveram o mesmo à-vontade para para pôr a família. Até que pensaram: 'estou sempre a dizer para darem trabalho a colegas e porque é que não tenho essa lata para os meus filhos?'. 

Começaram, sem vergonha, a sugerir-nos até porque eles reconhecem, gostam do nosso trabalho. Porque nós não fazemos só televisão, fazemos muito teatro, já há muito tempo. O Miguel acabou o Conservatório em 2007, e eu acabei o Chapitô em 2010. Desde então que fazemos teatro, e o Miguel, entretanto, já tem feito muitas séries televisivas e cinema. Portanto, há uma prova que somos trabalhadores, profissionais do espetáculo e da televisão, o que leva os meus pais a terem mais à-vontade para nos propor para trabalhos agora ultimamente. 

Mas ser filho de atores é maravilhoso porque, no que toca ao sentido de responsabilidade de ser um bom profissional de espetáculo, eu tenho os melhores exemplos à minha volta e sou rodeado de gente talentosíssima na minha família – os meus pais, o Miguel, a Rita (minha mulher), o João (meu padrasto)… É fantástico. 

O que nós precisávamos é que houvesse cultura mais espalhada pelo país, descentralizada. E isso demorará ainda muito tempo a acontecer

Mas além da representação tem também o lado da música… No futuro gostava de tentar conciliar essas duas áreas do espetáculo? 

Tenho sempre muita dificuldade em escolher entre os dois ramos. Acredito nos produtos artísticos completos e há sempre espaço para pôr tudo. Tanto que eu quase sempre acabo por cantar, tocar um instrumento ou dançar em todos os projetos que faço. E acho que isso é o mais engraçado, conjugar todas as artes numa só.

Nas redes sociais, tanto o Ricardo como a sua mulher, Rita, costumam partilhar alguns vídeos com os vossos filhos e fazem questão de incluir nas brincadeiras a arte, como o cantar, tocar música… Será que podem seguir o caminho dos pais? Estarão a ser um bocadinho influenciados?

Sem dúvida. Não estou a forçar nada, simplesmente somos uma família artística que as suas atividades de lazer passam muito por música, dança e variedades artísticas. Acho que idealmente todas as famílias devem aplicar arte aos seus hobbies. Às vezes não está muito bem inserido nas culturas, mas há culturas em que mesmo os não artistas aprendem instrumentos e a dançar, a cantar… A noção de cultura é muito importante para todos os indivíduos da sociedade depois terem uma noção maior da importância da cultura na nossa vida. E nada melhor do que presencial e sabermos manipular a cultura. 

Tendo em conta que sempre esteve em contacto com a cultura, como é que vê a evolução da cultura em Portugal?

A cultura é um setor que, de facto, sofre muito. Claro que, quando pensamos em prioridades, a saúde vem sempre primeiro, obviamente, mas a cultura salva o estado de espírito das pessoas. O Jim Carrey diz que a cultura salva do cancro. (risos) E é muito difícil ainda perceber-se isso. Mas acho que o problema é que, em Lisboa, está reunido todo esse pensamento positivo em relação à cultura, e depois há a província toda que é muito difícil de levar por esses caminhos. Mas o que nós precisávamos é que houvesse cultura mais espalhada pelo país, descentralizada. E isso demorará ainda muito tempo a acontecer. O nosso povo não reside só em Lisboa, mas acho que em Lisboa essa noção da urgência da necessidade da cultura está a mudar. Mas, de facto, somos um país inteiro, que deve estar unido e as pessoas da cultura são as que mais defendem isso. Ainda deve demorar um tempo a que a cultura seja uma prioridade de salvação da humanidade.

Em entrevistas antigas, os seus pais partilharam que perceberam desde cedo que o Ricardo iria seguir caminho nas artes. Quais as memórias que recorda precisamente da infância?

As grandes memórias que tenho é precisamente estar com os meus pais no teatro, na televisão... Era o que mais gostava de fazer. Chegar ao fim de semana e enfiar-me no teatro com os meus pais, não havia sequer outra atividade, até porque haviam os filhos e filhas de outros artistas. Lá também éramos uma comunidade de crianças felizes que brincavam também à macaca – não era só tudo relacionado com cantorias e representação. Mas acabei por crescer nesse meio e nunca vi outro ramo pelo qual me interessasse. Assim como as pessoas que não são artistas se interessam por outras atividades, eu também me interesso por ciência, por história, por outros setores, mas não são a minha profissão, é só isso.

O amor é o melhor método de educação. Com muito amor acho que se consegue criar seres humanos íntegros, boas pessoas

E que tipo de recordações tem em termos de ensinamentos? Recebeu concelhos dos seus pais no que diz respeito à representação ou não falavam muito em casa?

Nunca falamos muito das questões técnicas. Foi sempre mais à base de abordagens práticas, emocionais. Sempre que vemos um filme ou uma peça de teatro, fala-se da dramaturgia, das intenções cénicas, mas nunca disseram, por exemplo: 'Olha, cuidado que tens que fazer uma pausa aí'. Nunca houve muito essa coisa entre nós. (risos) Até porque cada um teve sempre a sua representação muito própria, muito definida, e os meus pais perceberam que nós também ganhamos a nossa maneira de representar e sempre respeitaram muito isso. Aliás, eu quando tinha cinco anos é que criticava os meus pais. 'Oh, pai, não disseste aquela frase'. Eu sabia as Revistas todas de cor e as peças de teatro. (risos)

E falando do lado mais pessoal, quais foram os ensinamentos que recebeu dos pais e quer passar para os seus filhos? 

Todos os dias acho que tenho isso mais bem definido na minha vida enquanto pessoa que é: o amor é o melhor método de educação. Com muito amor acho que se consegue criar seres humanos íntegros, boas pessoas. Os meus pais nunca tiveram métodos de educação muito delineados, nunca tiveram aquela preocupação que a educação tinha de ser assim e ter isto e aquilo. Sempre foram muito tranquilos, sempre nos integraram em tudo, sempre foram muito amorosos e carinhoso connosco e nos ensinaram a sermos bons. Acho que essa é a melhor estratégia e é isso que estou a tentar fazer com os meus filhos, eu e a Rita.

Há muita gente ainda retrógrada. Não por sua culpa, mas por culpa do atraso que as culturas levam

E entre eles os dois já conseguem perceber, como os seus pais percebiam em si, que podem construir caminho nas artes?

Claro, sem dúvida. E mesmo que eles depois não sigam profissionalmente, têm isso assegurado. Ou seja, esse lado emocional vai estar sempre presente neles. O Noah tem muito ritmo, por exemplo, para a música. O Matias adora dançar e desenhar, todos os dias vem com um desenho novo e é muito filosófico, adora pensar e falar. Com seis anos já temos muitas conversas à mesa e isso é giríssimo. O Noah é muito palhacinho também, faz muitas personagens e muitas vozes. (risos) 

Quando foi aos Globo de Ouro o seu look foi o que mais se ‘destacou’. Na altura, a sua mulher, a Rita, escreveu: “[…] Vivemos por transmitir aos nossos filhos os direitos à igualdade e à liberdade. E ao nosso Noah, que adora vestir o vestido da Xana Toc Toc, nunca lhe seja criticado esse seu gosto! O papá estava lindo”. Como pai, sente que há essa necessidade de levar essa mensagem, de haver uma mudança nesse sentido?

Essa mudança não tem que ser drástica, é gradual, obviamente. Mas que tem que haver, tem, porque, de facto, há muita gente ainda retrógrada. Não por sua culpa, mas por culpa do atraso que as culturas levam. E nosso país houve um grande atraso por causa de tudo o que nós sabemos. E acho que eu, não só enquanto pai, mas mais enquanto artista, posso passar essas mensagens sempre que posso, e todos os artistas. Porque nós somos um bocado o espelho da sociedade, do povo. Podemos representar o povo sempre que quisermos, ou seja, estava de vestido mas não era eu só ali. Eu era todas as pessoas que quisessem que eu fosse, todas as pessoas que fosse necessário eu ser. Estou a espelhar outras pessoas que querem isso e na posição social em que eu me insiro posso ajudar essas pessoas, as minorias. 

Mas gostava que não tivesse sido um statement. Gostava de ir assim aos Globos ou a qualquer sítio do mundo porque me sinto giro ou porque me apetece. Mas as pessoas precisam de uma justificação e posso dar milhares de justificações para ir assim vestido, desde ter ido representar a minha mãe, também se pode pegar por aí… Tudo o que um artista faz deve ser pensado, muito pensado. E foi, de facto, fundamentado eu ir assim. Mas não me apetece justificar. Apetece-me que as pessoas pensem no que é que elas acham que eu fui fazer, e isso também é engraçado na arte, deixar as coisas em aberto. As pessoas querem, muitas vezes, que se deixe pensamentos delineados, mas não é necessário. Cada pessoa pode pensar o que quiser sobre os objetos artísticos. 

Também porque as crianças podem vestir o que quiserem, e os adultos também. Essa foi outra razão, para se tentar mudar um bocadinho isso gradualmente. Há pessoas que já mudaram isso, se calhar, não são vistas em todo o lado, mas se foram às ruas do Bairro Alto – e se foram às de Nova Iorque ou de Tóquio ainda se vê muito mais – já vai existindo. Vão passear um bocadinho por Lisboa que vão ver todo esse tipo de looks.

E depois porque posso sempre ajudar um bocadinho o que é que é o homem moderno desta sociedade, para os homens que não conseguem ajudar. O homem moderno desta sociedade, seja ele hétero, homossexual, tenha filhos ou não, pode vestir-se como quiser, como bem lhe apetecer. Mas, no fundo, é a igualdade, liberdade de expressão.

Esse amor todo aquece o coração apesar da grande tristeza do falecimento

É difícil não falar da sua mãe, tendo em conta o que aconteceu. Como têm sido estes meses para vocês, família?

Acho que ninguém está à espera de outra resposta. Nós sofremos horrores e é uma perda imensa, até porque Portugal inteiro perdeu esta pessoa, então imagine-se a família. Mas a questão é que nós temos uma maneira de estar na vida de continuidade, com esperança de futuro, porque assim tem que ser, porque a vida é para se ser feliz. Nós anulamos essa tristeza quando estamos com as pessoas porque as pessoas também não têm que levar com essa tristeza. Não é que, às vezes, nós não tenhamos dificuldades emocionais, mas isso só a nós nos diz respeito. Não gostamos nada de pôr as outras pessoas nessa posição. E a vida continua.

Temos um coração enorme, uma parte do nosso coração corroeu um bocadinho, mas a outra parte que ainda existe é feliz. Eu, especialmente, tive muita facilidade em perceber isso olhando para os meus filhos. Sou pai de duas crianças que acabaram de nascer, tenho de continuar com a minha felicidade e transportar-lhes isso, porque os meus filhos vão crescer, ter filhos, e assim continua a vida. Não só para mim, para todos, para o João, para o Miguel, para a Rita, para o meu pai… É assim que vemos a coisa.

Recordando o funeral da sua mãe, porque infelizmente não conseguiu estar presente nem o seu irmão por causa da Covid-19… Verem aquela multidão no funeral acabou por acalmar o vosso coração naquele momento de grande dor?

Claro que sim. Aliás, todo o amor que venho recebendo desde então - e até hoje e, se calhar, para sempre - é a maior gratidão que tenho para com as pessoas. Esse amor todo aquece o coração apesar da grande tristeza do falecimento. Todo esse amor dá razões para nós fazermos qualquer coisa de bom para a humanidade, e a minha mãe acho que fez isso. Ela não fez outra coisa se não ser bondosa para toda a gente - para a família, para os amigos, para os desconhecidos. E isso supera qualquer dor, o ter privado com ela e ter sido filho dela.

Falando agora de um tema mais 'recente', a participação da sua mulher, Rita, no 'The Voice'’… Como e quando é que decidiu participar no programa? Foi uma decisão dela, foi incentivada por si?

Estávamos a tocar na Praça de São Paulo ao pé do Cais do Sodré, já há um ano, um concerto de rua com umas estruturas de circo. Um evento que se passou mais do que uma vez. E estávamos a tocar na rua enquanto banda, a Rita a cantar, passou um produtor e disse que ela tinha um perfil para ir ao 'The Voice' e perguntou se ela gostava de concorrer. A Rita do nada disse que sim. Depois ficou a pensar, perguntou-nos a nossa opinião e todos dissemos (eu, o João e a minha mãe) para ela ir, para se divertir. Já houve o estigma de que as figuras públicas e as pessoas profissionais não concorriam a esses programas, acho que hoje já não é bem assim. Já se tem visto cada vez mais pessoas que têm uma vida profissional antes dos programas televisivos de concursos de talentos, e acho que toda a gente merece ir a esses programas.

Isto já foi em 2020. Entretanto ligaram-lhe agora em 2021. A Rita ficou outra vez pensativa, mas dissemos novamente para ela ir e lá foi. [Na primeira atuação] eu estava lá. Ela levou o público ao rubro. (risos) A plateia toda levantou-se…

As redes sociais são um poço de energia negativa onde as pessoas se enfiam e têm esse escape de não serem vistas, por isso podem automaticamente fazerem maldades sem se sentirem tão mal

E quais as principais caraterísticas, enquanto artista, que destaca na Rita?

Tem uma garra que não sei onde é que vai buscar. Torna-se um bicho de palco quando está em cena, tanto na representação como no canto. Ela vai buscar todo o sentimento, não faz as coisas por metade, e consegue ter a generosidade de deixar, ainda assim, também os outros colegas brilharem. Não é individualista nesse sentido. E tem uma perceção humana também muito específica em cena, ou seja, fazer sempre as coisas no melhor sentido para que não se estrague suscetibilidades – mas isso já é outra conversa, o que é meritório de se fazer enquanto arte ou não, se podemos fazer todo o tipo de humor, se tudo vale ou não. Mas a Rita tem essa preocupação e isso é muito bonito também. E é muito talentosa em várias artes, no canto, na dança, na representação… Isso é uma grande valência. 

As redes sociais têm o lado bom e mau, e logo após a primeira atuação da Rita no 'The Voice' acabou por ser alvo de críticas. Como é que lidam com esse lado mau das redes sociais?

Há sempre o lado mau, já sabemos isso, e isso está sempre a ser estudado. As redes sociais são um poço de energia negativa onde as pessoas se enfiam e têm esse escape de não serem vistas, por isso podem automaticamente fazerem maldades sem se sentirem tão mal, porque não estão presencialmente ativas. E isso é normal acontecer. E quando se é de uma família mediática, há sempre essa conjetura de que as pessoas estão não por merecimento, mas porque são conhecidas ou de família tal.

Nós família, não estamos a par do que se passa ali no programa, somos uma família como as outras que estão ali para se divertirem e, em último caso, ganhar o concurso. Mas nem sequer é esse o intuito de estar ali, não deve ser o de ninguém. Deve ser mesmo o de divertimo-nos. E foi isso que aconteceu. Depois o que se diz nas redes sociais, diz-se sempre, para o bem e para o mal. Foi o caso do vestido também. A Rita é que estava mais preocupada comigo. Mas eu não li nada, até porque não sou uma pessoa muito presente nas redes sociais. Apesar de agora já ter alguma presença porque quero também dar esse contributo, porque tenho alguns seguidores já. Mas não gosto muito de estar demasiado presente porque depois tira-me tempo para atividades familiares, ou para ler um livro, ver uma série, que são coisas importantes também e um artista tem que se alimentar dessas coisas. 

Algumas pessoas vão sempre dizer mal e nós só temos que ignorar essas coisas, porque se não atirávamos-nos da ponte. (risos)

Se as pessoas tiverem que fazer outras coisas, não tenham vergonha de o fazer porque é normal

Ao longo da entrevista falou do João Soares, o seu padrasto, e ele também esteve presente na primeira atuação da Rita no 'The Voice'. Ele tem sido uma ajuda fundamental?

Sim, claro que sim. Nós dizemos-lhe que é uma coisa por afinidade, não tem que ser uma coisa por obrigação. E ele mantém um papel muito importante nas nossas vidas, como já mantinha, mas continua a manter e tem esse lugar no nosso coração que é o do avô dos nossos filhos. O eterno avô dos nossos filhos. E está sempre com os meninos, já ficaram com ele sozinhos lá em casa dele, a dormir… Estamos juntos dia sim, dia não, ou quanto muito ao fim de semana. Vai ter sempre esse lugar, claro que sim. 

O que gostava de conquistar daqui a dez anos, tanto a nível profissional como pessoal?

Adorava - e isso vai acontecer porque estou a trabalhar arduamente para isso com a Rita – que os nossos filhos sigam o que quiserem enveredar e que o façam com pés e cabeça. Acima de tudo, que sejam boas pessoas. E também estamos a lutar por isso porque eles estão numa escola em que acreditamos fazer, acima de tudo, esse trabalho, educar boas pessoas, e depois vem o resto.

A nível profissional espero poder fazer aquilo que gosto, porque às vezes temos que fazer um bocadinho de tudo. E fazer as minhas coisas também, ter sempre espaço para fazer os meus projetos além dos outros. Claro que vou sempre fazer com brio, não consigo fazer de outra forma, vou sempre fazer com o maior empenho possível. 

É vital ter um 'plano b'?

É sempre uma questão muito delicada de se falar. Eu e a Rita abrimos um café há uns tempos com a minha mãe e o João. Com a pandemia surgiu uma oportunidade de nos desfazermos do negócio porque estava a ser muito difícil, cada vez mais complicado. Mas foi por causa disso que abrimos o café, para termos uma estabilidade financeira diferente por causa dos nossos filhos. Mas um café para artistas que se alimentam da arte é complicado, porque temos que estar lá a tempo inteiro e começamos a sentir falta do palco e da música.

Artistas que trabalhem o máximo e que tenham todo o esforço do mundo, só tenho a dizer: trabalhem por isso porque vão singrar de certeza. Se derem o litro e se se aplicarem ao máximo, tenho bastantes razões para acreditar nisso. Mas também digo que se as pessoas tiverem que fazer outras coisas, não tenham vergonha de o fazer porque é normal. Não sei se daqui a um ano também vou ter que fazer outro trabalho noutra área, e isso não tem mal nenhum. É a vida, é normal, acontece. 

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