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"Tenho vontade de ser mãe, mas nunca senti que tinha uma relação estável"

Iva Lamarão abriu o livro da sua vida com o lançamento da autobiografia 'A Meio Caminho', onde se afirma como mais do que "uma cara bonita". Conversámos com a apresentadora sobre a forma como trabalhou a autoestima num meio em que a imagem tantas vezes fala por si.

"Tenho vontade de ser mãe, mas nunca senti que tinha uma relação estável"
Notícias ao Minuto

08:50 - 30/10/20 por Rita Alves Correia

Fama Iva Lamarão

Iva Lamarão acaba de lançar 'A Meio Caminho', um álbum de memórias em que conta a história da "menina certinha" que lutou contra problemas de autoestima num mundo em que, tantas vezes, a imagem falou mais alto.

Deu os primeiros passos no mundo da moda, com a participação nos concursos Miss Portugal e Miss Universo, e foi na indústria da imagem que fez as pazes com o corpo.

Atualmente com 37 anos, afirma-se uma mulher segura e confiante no que o futuro lhe reserva. Em conversa com o Fama Ao Minuto desvendou-nos os segredos deste percurso.

Aos 37 anos decidiu abrir o livro da sua vida com um verdadeiro álbum de memórias que conta em detalhe a sua história desde a infância aos dias de hoje. O que motivou esta decisão?

Sinto que estou numa fase mais tranquila e de maior aceitação. Então achei que fazia sentido partilhar muitas das coisas que eu vivi e as que as pessoas não sabiam. E sobretudo porque estamos numa altura em que, talvez pelas redes sociais e pelo que vivemos, as pessoas criticam muito, apontam muito o dedo e julgam muito à mercê de uma imagem. Esquecem-se que o que partilhamos nas redes sociais é sempre um mundo ilusório. Uma imagem não conta a nossa história e era aí que eu queria chegar: queria contar a minha história. Sou uma rapariga normal. 

Na verdade nunca senti como bullying porque sempre estive em paz comigo mesma. Era criticada e gozada, até nesse gozo me punha no lugar dos meus colegas e pensava ‘estão a ser patetas, mas é deles' Pela facilidade que existe atualmente em criticar, as figuras públicas preferem resguardar-se, o que, por sua vez, também faz com que escondam o lado mais real?

Acho que a tendência, contrariamente ao que seria normal, é que cada vez mais se tenta passar a normalidade. É o que o público pede. Vejo muitas bloggers e colegas a mostrar a naturalidade. O que acontece é que as pessoas, por estarem mais frustradas e tristes, há um julgamento fácil e essas críticas às vezes magoam. Numa idade mais jovem, podem moldar uma personalidade e afetar o bem estar físico e mental. É importante passar a mensagem que não podemos julgar pela imagem. 

Sobretudo pelo que passei em miúda: o bullying e esse tipo de ataques. Na verdade nunca senti como bullying porque sempre estive em paz comigo mesma. Era criticada e gozada, até nesse gozo me punha no lugar dos meus colegas e pensava ‘estão a ser patetas, mas é deles’. Mas podia não ter sido assim, senti muitas pressões em relação à imagem desde miúda, para não falhar, até hoje em dia. Em cada fase, esse estigma da imagem é vivido de forma diferente. 

Praticou ballet na infância, ingressou na Universidade de Coimbra e diz ter sido sempre uma menina “certinha”. Olhando para trás, o que teria feito de diferente?

Não tinha feito nada de diferente. Foram escolhas dos meus pais, acharam que era a melhor forma de educar. Todas as fases foram importantes, gostei de todas. Até das menos boas. Talvez mudasse a forma como eu olhava para mim na altura. 

Confessou que a adolescência ficou marcada pela falta de confiança, descreveu-se inclusive como o “patinho feio”. Como trabalhou a autoestima?

Na moda já pude ter alguns sinais de como, afinal, poderia não ser assim tão magra. Com a moda começou o processo de aceitação, porque o meu corpo era valorizado, mas dentro de mim só foi muito recentemente, quando passei por algumas situações que me deixaram triste e que me construíram enquanto mulher. Foi depois dessas situações que percebi: Sou assim, gosto de ser assim e ninguém me vai dizer como devo ser. É impossível agradar a toda a gente.

Quando comecei a ter ataques de pânico e a desmaiar, não conseguia memorizar a matéria que estava horas a estudar. Percebi esses sinais e voltei a comerEstas inseguranças levaram-na, como já referiu publicamente, a desenvolver um distúrbio alimentar. Como recorda essa época?

Acabei por não desenvolver. O início disso foi com uma dieta que fiz em que cortei com os hidratos de carbono porque estava na moda. Estava a estudar e tinha a pressão de me manter em forma, precisava de trabalhar na moda para pagar os meus estudos. Achava que se deixasse de comer hidratos de carbono ia conseguir. Acabei por sentir isso na capacidade mental, no corpo, na minha ansiedade - desenvolvi ataques de pânico -, mas distúrbio mesmo não desenvolvi. Embora estivesse ali a começar a  depender [desse regime alimentar].

Quando percebeu que caminhava para um problema mais sério?

Quando comecei a ter ataques de pânico e a desmaiar, não conseguia memorizar a matéria que estava horas a estudar. Percebi esses sinais e voltei a comer. Às vezes permitia-me comer um pão integral e ficava ansiosa que esse dia chegasse só para conseguir satisfazer-me. Foi uma fase e depois aprendi que não era por aí. 

Viveu entre Ovar e Lisboa, o que representa tantas outras jovens mulheres que correm para a capital para seguir um sonho. Confessou que o início não foi um mar de rosas, mas que nunca desistiu. O que diria às raparigas que hoje se encontram nessa situação?

Quando comecei na moda tinha 15 anos e estava no secundário, em Ovar, depois quando fui para Coimbra continuei a fazer muitas viagens - malas atrás, muitas boleias. Mas na verdade estava correr atrás de um sonho, foi uma fase de libertação, tudo o que estava a fazer, estava a fazer por mim.

Não costumo dar conselhos, porque tudo o que vivemos na nossa vida, não há nada que nos possam dizer para mudar o caminho. As pessoas têm de passar por determinadas situações. Mas aconselho a todas as miúdas que querem seguir o mundo da moda que não deixem de estudar, a manter os estudos como o foco.

Ao começar como Miss Portugal e Universo, sentiu isso a vinculou ao clichê de “cara bonita”?

Em Portugal as pessoas não ligavam, era mais um concurso. Mas mais tarde, com esse historial e com o facto de estar associada à moda, talvez me tenha conectado a um determinado padrão. 

Acho que tudo é um caminho, as coisas se tiverem de vir, vêm. Não vivo muito a pensar nisso Representar o que para a sociedade simboliza um ideal de beleza foi uma bênção ou um fardo?

O ideal de beleza é sempre discutível. Eu era uma miúda muito simples, não andava de saltos altos nem com grande maquilhagem… As outras [concorrentes a Miss Universo] levavam aquilo mesmo à séria e eu estava num mundo à parte. Só queria calçar as minhas chinelas rasas e as calças novas, conhecer um bocadinho daquilo e vir embora o mais rapidamente possível. Nunca senti muito esse peso porque sempre vivi as coisas à minha maneira. 

Contou que a entrada para o ‘Fama Show’, em 2012, foi como um virar de página, depois da participação em vários programas de prémios de chamadas. Era para ficar três meses, mas já lá vão oito anos… Sente que está numa fase em que gostaria de abraçar um novo desafio?

Era para ficar três meses, mas fui aprendendo a fazer melhor e fui ficando, mas sempre com a sensação de que nada é garantido. Tenho sido assim em todos os projetos - além o ‘Fama Show’, tenho feito algumas apresentações em estúdio do ‘Olhó Baião’, com o João Paulo Sousa, as apresentações de alguns prémios especiais. Acho que tudo é um caminho, as coisas se tiverem de vir, vêm. Não vivo muito a pensar nisso.

Sempre fui deixando para segundo plano a gravidez até porque sempre achei que tinha tempo e, por outro lado, nunca senti que tinha uma relação amorosa estável o suficiente para avançar nesse sentidoComo tem sido trabalhar num meio com tantas mulheres?

É ótimo. Apesar de haver aquele estigma de que as mulheres são más umas para outras. No ‘Fama Show’, já passaram montes de grupos de apresentadoras com quem tive oportunidade de trabalhar e sempre foi muito cordial, houve muita partilha, ensinamentos entre umas e outras. Acabamos por ser uma família e isso é fundamental para que um programa como o ‘Fama Show’ se mantenha no ar tantos anos com sucesso. Continuamos a apoiar-nos umas às outras e a dar o nosso melhor.

Fala muito da família e das memórias da infância feliz que teve. Isso faz com que também tenha o sonho de ser mãe?

Nunca senti pressão em relação a isso. A minha irmã não é mãe ainda… Tenho essa vontade, mas sempre dei prioridade ao meu trabalho, a essa preocupação de pagar as minhas coisas. Sempre fui deixando para segundo plano a gravidez até porque sempre achei que tinha tempo e, por outro lado, nunca senti que tinha uma relação amorosa estável o suficiente para avançar nesse sentido. Nunca senti essa serenidade, mas gostava que acontecesse. Mas não vivo com essa questão, é o que tiver de ser.

Que sonhos de menina ainda guarda?

Muitas memórias, mas sonhos… não sei se há muitos. Acho que já fui fazendo. Como sou muito simples e prática, acabo por não criar muitos sonhos. 

Nesta fase, o que é que a Iva, mulher e segura, quer para o futuro?

Poder continuar a trabalhar em televisão, que os meus pais tenham saúde e gostava de construir a minha própria família. Mas na verdade, a génese de tudo isto é ser feliz, isso é a base de tudo. 

Notícias ao MinutoIva Lamarão com o livro 'A Meio Caminho'© Instagram

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