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"Considero-me uma cantora, claro que sim. Eu vivo só da música"

Tornou-se popular há três anos devido a uma estranha dança, que muitos tentaram imitar. Viu os seus dotes para a música serem questionados, mas nem por isso deixou de cantar. Maria Leal é polémica e não agrada a todos, mas contra todas as expetativas continua no ativo e já com um CD no mercado. A cantora, que afirma viver exclusivamente da música, esteve à conversa com o Fama Ao Minuto.

"Considero-me uma cantora, claro que sim. Eu vivo só da música"

Em 2016, a música 'Dialetos de Ternura' catapultou Maria Leal para a ribalta e colocou-a debaixo dos holofotes da fama. Aos 46 anos realizava o sonho de se lançar no mundo da música, depois da sua estranha dança num programa televisivo ter conquistado as redes sociais e a ter tornado um autêntico fenómeno.

Foi parodiada centenas de vezes, viu os seus dotes para a música serem questionados, enfrentou críticas e até insultos. Contra todas as expetativas, três anos depois mantém-se no ativo.

Em entrevista ao Fama Ao Minuto, a polémica cantora confessou ser uma mulher realizada e confiante na carreira que diz ter construído. 

A Maria começa a sua carreira musical já em idade adulta. Ser cantora era um desejo antigo?

Era um desejo meu, sim. Antes de se tornar público eu já cantava em dois bares como hobby. Tive a sorte de ser convidada para ir cantar ao programa ‘Você na TV’, da TVI, em que foi este boom que toda a gente sabe. Mas claro que era um sonho.

Se eu conseguisse fazer aquilo no palco eu brincava comigo própria, com o papel que eu fiz naquela manhã no 'Você na TV’

Como surge o impulso para começar a cantar publicamente e, como referiu, aparecer no ‘Você na TV’?

Isto veio por intermédio de um reality show em que eu conheci um produtor e essa pessoa sabia que eu cantava músicas dos outros. Na altura, ele veio-me propor se eu queria cantar algo meu. Eu disse que sim, aceitei com todo o agrado e assim nasceu a primeira música: ‘Dialetos de Ternura’. Tinha feito um CD daqueles de brincadeira só com duas músicas, ‘Dialetos de Ternura’ e ‘DJ Aumenta o Som’ e fui entregá-lo na TVI, passado 15 dias fui chamada para cantar.

Na altura foi a sua forma de dançar que mais deu que falar entre o público.

Isso foram os meus nervos. Estava de tal maneira nervosa… infelizmente, e digo isto de coração, já não consigo fazer aqueles passos. Quando vi, eu própria me ri de mim mesma. Os meus amigos mais chegados disseram: ‘Maria o que é que é aquilo?’ Foram os meus nervos, nunca mais consegui fazer aquilo. Fico super feliz quando vejo pessoas a conseguirem imitar-me ao máximo e a fazerem aquilo. Nunca me esqueço de que aquilo foi um êxito e sei que o que chamou muito a atenção foi aquela dança. Se eu conseguisse fazer aquilo no palco eu brincava comigo própria, com o papel que eu fiz naquela manhã no ‘Você na TV’.

Nada nesta vida me vai subir à cabeçaAlguma vez lhe passou pela cabeça que faria tanto sucesso?

Não, não. Nunca pensei. Ainda estou a viver um sonho agora que saiu o meu primeiro trabalho discográfico. Com os pés muito bem assentes na terra, porque esta carreira o que hoje é amanhã pode não o ser. Sempre com o máximo de humildade.

E consegue explicar qual o segredo do seu sucesso?

É ser eu própria. Sempre disse que me estou nas tintas se sou figura pública ou não, eu gosto é de conviver e de estar com as pessoas. As pessoas quando vão ver uma Maria vêem realmente o que é a Maria. Sou eu própria. Garanto que sou a mesma pessoa agora que era antes de ter começado a cantar. Portanto, nada muda. Nada nesta vida me vai subir à cabeça.

Se tivesse 20 anos achava-me a melhor do mundo, neste momento acho-me uma cidadã comum igual a muitas pessoasA Maria tem 49 anos e a sua carreira começou há apenas três. Lamenta não ter começado a cantar mais jovem?

Acho que foi na altura certa. O sucesso que eu tenho tido ao longo destes dois anos em que consigo encher o locais onde for, se tivesse para aí 18/19 anos, e com a fama que tenho, talvez fosse daquelas raparigas adolescentes que se perdem no sucesso. Poderia estar perdida ou achar-me um máximo. Foi na idade certa, porque é a única forma de ter os pés bem assentes na terra. Se tivesse 20 anos achava-me a melhor do mundo, neste momento acho-me uma cidadã comum igual a muitas pessoas.

Quando vai para o palco é uma personagem criada para os seus espetáculos ou é a Maria real do seu dia-a-dia?

Não vamos ser hipócritas, nenhum artista me venha dizer que no palco é a mesma coisa que é no seu dia-a-dia. Ninguém! Seja um ator, um cantor… nós vamos para cima de um palco temos de fazer um papel. O meu papel é cantar, é dançar. É óbvio que temos de nos transformar. Quando vou para o palco não me visto da mesma maneira do que me visto no meu dia-a-dia. Quem disser ao contrário está a mentir. Danças de uma maneira que possas provocar mais, tentas agarrar o público. Há sempre uma representação.

E de que forma é que a Maria faz isso?

Isso sai-me espontaneamente. Não tenho nada elaborado. Cada concerto é um concerto. Chego ao palco e conforme são as reações das pessoas eu tenho as minhas. A Maria vai ser sempre a mesma, humilde, que gosta de estar, que gosta de conviver, que gosta de cantar, que gosta que as outras pessoas sejam recetivas. Isso vou ser sempre. agora, se vou dançar de uma maneira ou de outra também tenho de ver o público. Quando vamos para um concerto nunca sabemos com o que é que vamos contar.

Considero-me uma cantora, claro que sim. Eu só vivo da músicaPassado o êxtase com a dança surgiram algumas criticas à forma como a Maria cantava, chegou a ser comparada ao Zé Cabra e alguns artistas ficaram ofendidos com o facto de ser considerada cantora. Como é que recebeu essas críticas?

Lidei como estou a lidar agora. Na música há lugar para todos. Muitos deles eu até os conhecia pessoalmente. Acho que cada um faz aquilo que quer desde que não pise ninguém. Eu não falo mal deles, nem nunca na minha vida vou falar mal de alguém. Nenhum deles me faz sombra.

A ambição também pode ser a nossa desgraça. A idade a mim já me permite dizer isso A Maria considera-se uma cantora?

Considero-me uma cantora, claro que sim. Eu vivo da música. Qual é que é a minha profissão? Eu vivo da música, não tenho outra profissão. Se eu me transformasse num palhaço dizia: eu canto, mas também caracterizo. Neste caso, eu só vivo da música. Por isso, tenho de considerar-me uma cantora.

As pessoas que vão aos concertos da Maria Leal não vão para ver o boneco da Maria Leal. O primeiro ano sim, o segundo ano já as pessoas vão ver porque gostam  E como é que se define enquanto artista?

Como uma pessoa humilde, como uma pessoa que gosta de cantar. Uma pessoa que gosta de conviver com os outros e que gosta de viver pequenos momentos de felicidade. Quando nós temos [dinheiro] para pagar as nossas contas e se conseguimos manter o nível de vida que temos, acho que já é muito bom. A ambição também pode ser a nossa desgraça. A idade a mim já me permite dizer isso.

Sente que as pessoas a levam a sério?

No primeiro ano havia a curiosidade de conhecerem a Maria Leal. Isto já lá vão dois anos. No mês de agosto tive 26 concertos de rua em que eu colocava 3 mil pessoas [na plateia]. Datas não me faltam para concertos, tenho uma agenda bastante preenchida. Acho que em dois anos e tal, vai fazer três agora, as pessoas que vão aos concertos da Maria Leal não vão para ver o boneco da Maria Leal. O primeiro ano sim, o segundo ano já as pessoas vão ver porque gostam. A encher como eu encho nas festas é porque as pessoas gostam da Maria, penso eu. Já lá vão quase três anos de carreira.

 Entre os meus colegas de trabalho não há nenhum preconceitoA Maria sente algum tipo de preconceito por parte de outros cantores do meio, tendo em conta os comentários menos positivos de que já falámos?

Não. Não tenho sentido nenhum preconceito de ninguém. Mas nos concertos que faço há sempre um cabeça de cartaz, portanto, nunca se juntam dois cantores que encham as festas. Entre os meus colegas de trabalho não há nenhum preconceito. Preconceitos eu também não tenho nenhuns de mim. Estou bem comigo, sinto-me bem com o meu corpo, sinto-me bem a cantar. Portanto, preconceitos de mim também não tenho.

E com as críticas de que é alvo constantemente, nomeadamente nas redes sociais, como é que lida?

Atrás de um computador nós escrevemos tudo. Escrevem o que querem e o que lhes apetece, mas depois se for preciso são os primeiros a estar num concerto e a tirarem uma foto connosco. Nunca vi ninguém falar bem de ninguém, já o mal toda a gente sabe falar.

As pessoas estão sempre a apoiar-me e a dizerem-me para não desistir e para não ligar aquilo que dizem de mim Mas a Maria, por vezes, é alvo até de alguns insultos.

Na minha página no primeiro ano havia muitos, sim. Agora, não. Cada vez tenho maior número de fãs, de seguidores, e a minha faixa etária é de muitos miúdos. Não há assim tantas críticas. E quando as críticas são mais negativas... eu quando escolhi esta área fui preparada para tal. Aliás, na altura o meu produtor disse-me: ‘Maria, se em mil pessoas uma gostar de ti é muito bom’. Temos de estar preparados para o bom e para o mau. Há quem goste e quem não goste, nós só temos que respeitar. Eu tanto respeito aquela pessoa que gosta de mim como a que não gosta.

Crianças que são gozadas na escola, muitas delas vêm ter comigo e choram a dizer que vêem em mim uma força  Nunca foi alvo desses comentários menos positivos nos seus espetáculos?

Graças a Deus não, pelo contrário. Duas horas a tirar fotos, pessoas a chorar agarradas a mim. Não, não. Nunca recebi qualquer tipo de insulto. As pessoas estão sempre a apoiar-me, a dizer-me para não desistir e para não ligar àquilo que as pessoas dizem de mim.

Qual o momento mais caricato que já lhe aconteceu durante um concerto?

Não tenho muitos. Por exemplo, já me mandaram boxers para o palco. Também há os cartazes: ‘Maria faz-me um filho’. Mas também há situações emocionantes, já aconteceu crianças a chorar. Crianças que são gozadas na escola, muitas delas vêm ter comigo e choram a dizer que vêem em mim uma força. Infelizmente, o ser humano é muito mau. Para se ter alguma coisa é preciso espezinhar o outro. Isso não faz parte da minha educação, da minha natureza.

Nunca me posso ter sentido ridicularizada. Quem está a fazer é que pode ser ridículo, eu nãoSente-se uma inspiração para essas crianças?

As pessoas dizem que querem acabar com o bullying. O bullying sempre existiu, agora somos nós como artistas e como figuras públicas que temos de dar esses exemplos. Quando estamos atrás das nossas redes sociais temos de pensar que há muitas crianças a ver e que temos de dar o exemplo. Eu tento nunca gozar com ninguém porque isso pode ser motivo para essas crianças repetirem o que eu estou a fazer. Eu sou fumadora, como toda a gente sabe, mas nunca ninguém me viu a tirar uma foto com nenhum fã a fumar. Nunca fiz um direto a fumar. Tento ter sempre esse cuidado.

As pessoas brincam muito com a sua imagem e ela serve muitas vezes de mote para paródias até na televisão. Como é que a Maria lida com isso?

Adoro. Eu também gosto imenso de parodiar. Parodiar sem nunca ofender. Parodiar significa respeito, também. Podemos até falar do Joaquim Monchique, eu adoro. É a pessoa que melhor me consegue imitar. Rio-me, gravo e tenho coisas dele que vão ficar para a vida. Consegue parodiar sem nunca ofender. E há muitos que não o conseguem fazer.

Costuma-se dizer que com o mal dos outros podemos nós bem. Não sei se é verdade ou mentira. Eu falo de mim e eu vivo da música Alguma vez se sentiu ridicularizada com alguma dessas paródias?

Nunca me posso ter sentido ridicularizada. Quem está a fazer é que pode ser ridículo, eu não. Não sou eu que estou a fazer aquelas figuras. Aliás, eu não o faria de certeza.

A Maria vive da música?

Sim, eu vivo exclusivamente da música.

Se um dia eu não conseguir viver só da musica, não tenho qualquer problema em estar atrás de um balcão a trabalhar  Há muitos artistas que consideram complicado viver da música em Portugal, não faz parte desse grupo?

Costuma-se dizer que com o mal dos outros podemos nós bem. Não sei se é verdade ou mentira. Eu falo de mim e eu vivo da música. Tenho de trabalhar, tenho de fazer coisas novas. Eu não quero que a minha carreira seja mais do que aquilo que é, quero é mantê-la. Mantê-la é que é difícil. Não sou uma pessoa de querer muito mais do que aquilo que já me aconteceu. Já dou graças a Deus aos fãs que eu tenho. Se me perguntar se quero subir mais? Não. Não é a minha ambição. A minha ambição é tentar manter e cada vez fazer mais e melhor.

As pessoas gostam de misturar a vida pessoal com a vida artística Não teve medo que o sucesso fosse apenas passageiro?

Tenho os pés bem assentes na terra. Se um dia eu não conseguir viver só da musica, não tenho qualquer problema em estar atrás de um balcão a trabalhar. Faço aquilo que for, desde que seja um trabalho honesto, e vou viver da musica em simultâneo. Não deixo de cantar, mas quando a música não der não me custa nada estar atrás de um balcão a tirar cafés. Se a musica não der para o meu dia-a-dia e pagar as minhas contas, que é aquilo que me interessa, farei outra coisa qualquer, mas cantarei na mesa. Isso a mim não me assusta. Assusta-me é não ter saúde para poder trabalhar.

A polémica recente em que viu o seu nome ser envolvido, afetou a sua carreira?

Não afetou. Claro que não afetou. Sabe porque é que não afetou? Porque é a minha vida pessoal. As pessoas gostam de misturar a vida pessoal com a vida artística.

Sinto-me feliz pelo que tenho construído. Estou completamente realizada Nesse momento mais delicado em que enfrentou várias acusações, recebeu o apoio dos seus fãs?

Claro que sim, recebi. Mas não quero falar sobre a minha vida pessoal. 

A Maria lançou recentemente o seu primeiro disco - ‘Sou a tua menina’. Foi o realizar de um sonho?

Claro que sim. Estou super feliz. É o realizar de um sonho meu e o resultado de muito trabalho. Sem nunca pisar ninguém. Sinto-me feliz pelo que tenho construído. Estou completamente realizada.

Depois do lançamento do seu disco, que novos projetos está a preparar para o futuro?

Eu e o Jaimão, o meu produtor, estamos a trabalhar numa coisa completamente diferente, para abril. Vai surpreender. Em maio novas surpresas, mas completamente diferentes. Uma forma de música um bocadinho diferente. Mesmo surpreendente.

Como é que a Maria gostava de ser conhecida entre os seus fãs e no meio artístico?

Como uma cidadã comum. Sou exatamente igual a todos os cidadãos comuns, simplesmente gosto de cantar.

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