Em entrevista à revista britânica The Banker, Marcelo Cabral estimou que o Brasil possa chegar ao final deste ano com uma taxa de crescimento da ordem dos 3%, "acelerando significativamente" face aos 0,5% que regista atualmente, depois de dois anos em recessão.
"Estamos num processo de aceleração do crescimento, agora está nos 0,5% mas vai acelerar significativamente até 3% no final do ano, e a razão para isso é, entre outras, a expetativa de cortes muito fortes nas taxas de juro", disse o banqueiro numa entrevista de lançamento da reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que começa quinta-feira, à revista britânica The Banker.
"Esperamos pelo menos 3% ou 325 pontos-base de cortes adicionais durante este ciclo de redução muito significativa das taxas de juro no Brasil, que deve criar uma resposta muito positiva no [crescimento do] Produto Interno Bruto (PIB)", disse o banqueiro.
Para além da política monetária do banco central, Marcelo Cabral apontou ainda os "fatores sazonais" para sustentar o seu otimismo com o crescimento do Brasil, que nos últimos dois anos esteve mergulhado numa recessão acima de 3% em cada ano.
"Há fatores sazonais, como a recuperação do preço das matérias-primas, um aumento das colheitas de 15 a 18% este ano, e o aumento dos inventários, que estavam em níveis muito baixos, tudo isso vai crescer e será positivo para a economia", disse o diretor executivo do Bradesco Europa.
Do ponto de vista do investimento financeiro, Marcelo Cabral também deixou uma mensagem positiva, considerando que o Investimento Direto Estrangeiro pode chegar a 75 ou 80 mil milhões de dólares, recuperando do impacto negativo do megaprocesso de corrupção Lava Jato.
"O Lava Jato teve um impacto negativo nas companhias que tinham ativos em infraestruturas, e os investidores aproveitaram o preço baixo; estes ativos em portagens, portos, aeroportos, e talvez também no petróleo e gás, atraíram os investidores de todo o mundo, que olham com interesse para o programa de privatizações e concessões", salientou.
O Bradesco é o segundo maior banco privado brasileiro e um dos maiores grupos financeiros do país, tendo quase 26,5 milhões de contas correntes e quase 50 milhões de clientes no ramo segurador.
O Fundo Monetário Internacional prevê que o Brasil cresce 0,2% este ano e 1,5% em 2018, enquanto os economistas contactados semanalmente pelo banco central anteciparam hoje uma expansão de 0,47% este ano.