As Ordens Executivas de Trump têm sido alvo de paródia, chacota e muitas críticas. A internet e os opositores políticos do novo presidente norte-americano têm na memória as ordens que permitiram definir a sentença do sistema de saúde público 'Obamacare', bloquearam a entrada de cidadãos de vários países muçulmanos e reabriram explorações petrolíferas com impactos ambientais devastadores.
Mas nem todos os documentos assinados por Donald Trump são recebidos com tanto pessimismo. No final da semana passada, o sucessor de Barack Obama assinou uma Ordem Executiva a pedir ao Secretário do Tesouro para rever as regras aplicadas à banca no âmbito da lei Dodd-Frank, o enorme pacote de reformas aplicado na banca após o colapso do Lehman Brothers para evitar uma nova crise financeira mundial.
Na visão de Trump, revelada durante a campanha contra Hillary Clinton, todo o sistema financeiro precisa de ser liberalizado, passando a estar sujeito a menos regras e supervisão para que possa tomar as melhores decisões de investimento. A teoria liberalista foi aplicada durante toda a presidência de George Bush, com resultados sofríveis: apesar de terem registado lucros históricos, os bancos criaram uma série de hipotecas tóxicas que fariam rebentar a 'bolha' do imobiliário após a queda do Lehman Brothers.
Compreensivelmente, a assinatura de Trump numa Ordem Executiva simpática para a banca lançou a euforia nos mercados.
Desde sexta-feira, o valor total dos sete maiores bancos norte-americanos já aumentou quase 40 mil milhões de dólares (mais de 37,5 mil milhões de euros), com destaque para o Morgan Stanley. Segundo a revista Fortune, o fundo SPDR que segue as ações da banca dos Estados Unidos já ganhou mais de 18% desde a eleição de Trump, prova de que o novo presidente é visto como um verdadeiro 'mecenas' do sistema financeiro liberalizado.