"Houve uma tentativa de solicitar financiamento da China, com Isabel dos Santos a ir à China para isso, mas aparentemente não teve sucesso", disse o economista e diretor do CEIC -- Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica em Luanda.
Durante uma conferência sobre 'Angola, desafios e oportunidades face às mudanças em curso', que decorreu esta manhã em Lisboa, organizada pela AIP e pelo Africa Monitor Intelligence, Alves da Rocha inseriu este comentário durante a apresentação da sua preocupação sobre a evolução da dívida pública de Angola, que pode chegar a 80% do PIB este ano.
"A dívida pública externa é liderada pela China com linhas de crédito, a última foi de 9 mil milhões de dólares, e a interna tem sido subscrita pelos bancos e empresas de média e grande dimensão, e no final deste ano, a dívida pública pode chegar aos 80% do PIB, segundo o FMI, o que ultrapassa o limiar de 60% do PIB fixado na Constituição", disse o economista.
"Há dúvidas sobre este valor da dívida porque as contas do Governo não incluem a das empresas públicas, é apenas dívida administrativa, e quando as empresas públicas contraem dívida é o Estado que aparece como garante e avalista", acrescentou.
A Sonangol, a maior empresa pública angolana, está "em processo de reestruturação, e têm-se descoberto muitas situações inexplicáveis à luz dos processos contabilísticos normais; a dívida que a Sonangol não conseguiu cobrir estará à volta dos 10 mil milhões de dólares, e esta é dívida pública", vincou o diretor do CEIC.
Na apresentação, Alves da Rocha disse que a dívida pública só da companhia petrolífera angolana "pode ascender a 9 mil milhões de dólares, segundo declarações públicas".