"Sendo a Caixa Geral de Depósitos (CGD) um banco de capital público, quem sempre o tutelou, lhe conferiu mandato e orientação foi obviamente o governo", afirma o STEC num comunicado divulgado hoje para "repor a verdade" num assunto que "está a afetar todos" os que trabalham no banco.
"Então porque se quer responsabilizar agora a CGD e quem aqui trabalha? Como é possível exigir à CGD um maior apoio à economia e a seguir falar em fecho de balcões, redução de pessoal e despedimentos?", interroga o sindicato.
No comunicado, o STEC deixa várias questões sobre decisões tomadas pelo banco nos últimos anos: a aquisição de bancos espanhóis ("com perdas de 94,2 milhões de euros apenas em 2015") e brasileiros, a compra de ações do BCP ("num prejuízo de mais de 1.000 milhões de euros"), a concessão de um crédito de alto risco de "centenas de milhões de euros a Joe Berardo para comprar ações do BCP" e a gestão do BPN, após a nacionalização (com injeções "estimadas em mais de 5.000 milhões de euros), entre outros.
E questiona, para cada um destes casos, se o Governo "nada soube", se "foi alheio a essa decisão", se "não acompanhou a situação" ou se "nada teve a ver com isso".
O sindicato destaca ainda que os rácios de capital da CGD no final de 2015 "eram superiores aos mínimos regulamentares e que, em 2017, por imposição do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu, o banco público "terá de reforçar os capitais próprios em 1% (risco sistémico) e até 2,5% (reserva anticíclica) ".
"Como é que na atual situação da banca se consegue distinguir negativamente a CGD face à concorrência?", questiona, afirmando que o banco público "entregou ao Estado milhares de milhões de euros dos lucros que obteve".
Nesse sentido, o STEC defende que "compete à CGD intervir e moralizar o mercado bancário e ser a grande alavanca da economia" e que "compete ao Governo definir as linhas de orientação a seguir pela gestão da CGD para o atingir".
A CGD tem estado no centro do debate político e o PSD e o CDS-PP assinaram hoje o texto que pede a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito, que pretendem que tenha início no final de julho, numa altura em que se discute a recapitalização do banco público, com a imprensa a referir valores que podem ascender a 4.000 milhões de euros.
No entanto, o valor da injeção de capital ainda não é conhecido formalmente e estão ainda a decorrer negociações entre o Governo e a Comissão Europeia.
Em 2015, o banco teve 171,5 milhões de euros de prejuízos.