O Governo que foi agora eleito, saído das legislativas de 18 de maio, terá "dois enormes desafios" pela frente, indicou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Álvaro Mendonça e Moura, num colóquio em Odemira, no distrito de Beja.
Um deles vai "ser a discussão sobre as verbas da PAC que vão começar a ser discutidas a partir de julho deste ano, para entrarem em vigor em 2028", precisou, argumentando que essa "vai ser uma negociação dificílima" para Portugal.
O segundo grande desafio, indicou, será a implementação da Água que Une -- Estratégia Nacional para a Gestão da Água.
"Eu não quero saber se ela [a estratégia] podia ter sido melhor, podia ter sido mais para a esquerda, mais para a direita, mais para cima, mais para baixo. Não quero saber. Quero que façam, que executem, que levem para a frente" o que foi definido, defendeu.
Segundo Álvaro Mendonça e Moura, "com o tempo se irá melhorando, se irá corrigindo" essa estratégia, mas ou ela é executada "ou não há reforma estrutural no setor agroflorestal".
"O Ministério da Agricultura não está a funcionar, está bem, isso sabemos, mas as questões fundamentais, estruturais, são estas duas, é o orçamento e é a Água que Une", que são os dois fatores "que vão mudar as condições em que [se] opera no setor agroflorestal" no país, insistiu.
Na sua intervenção no encerramento do colóquio "Regadio e Alojamento: Fatores Críticos de Sucesso em Odemira", promovido hoje pela AHSA -- Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores do Sudoeste Alentejano, o presidente da CAP defendeu que Portugal deve ter "ambição" em relação á água, porque esta "faz toda a diferença em termos de desenvolvimento do país".
"A agricultura e a floresta têm que ambicionar crescer e isso só se faz com água. Não há nenhuma outra alternativa. E, portanto, o meu ponto aqui é dizer que vale a pena fazer todo o barulho que seja necessário para que o Governo execute aquilo que está" na estratégia Água que Une, disse.
E um dos focos desta estratégia, defendeu, é a ligação do rio Tejo à albufeira do Alqueva, a qual, para Álvaro Mendonça e Moura, "tem que ser uma placa giratória que chegue à maior extensão possível do território".
"E isso só pode ser feito se for alimentado, porque o Alqueva por si é finito. O Alqueva é finito, mas a água não é. Nós não temos falta de água em Portugal", argumentou, sustentando que a água deve é, satisfeitas as necessidades de determinadas zonas, ser levada "para onde ela é precisa".
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