"Com esta impugnação esperamos que o próximo processo eleitoral decorra com transparência e igualdade de oportunidades para todas as listas", disse António Godinho ao jornalistas, na sede da sua candidatura, em Lisboa.
De acordo com os resultados oficiais divulgados na quinta-feira à noite, as eleições foram ganhas pela lista A, do atual presidente, Tomás Correia.
"A lista D disse desde o início que o processo eleitoral era completamente anti-democrático e ferido de irregularidades", realçou António Godinho, acrescentando que, ainda assim, a lista A "perdeu 40% dos votos que tinha obtido em 2012", baixando dos quase 56 mil votos então obtidos para cerca de 31 mil votos nas últimas eleições.
E apontou para a elevada abstenção: "A abstenção de 85% é um reflexo do alheamento dos associados, já que não foram disponibilizados os seus contactos às listas concorrentes".
Por seu turno, João Proença, que também integra a lista D, vincou que "a impugnação visa a repetição das eleições", e António Bagão Félix também fez questão de contestar o processo eleitoral.
"Nós não estamos aqui por ter perdido. Estamos aqui por ter perdido nestas condições", afirmou, considerando que "este resultado [vitória da lista A com cerca de 59% dos votos válidos] é produto de um pecado original", relacionado com não ter sido disponibilizado às listas concorrentes o universo total de eleitores e de não ter sido divulgado o número de boletins de voto que foram impressos.
"O mutualismo não é feito de guerrilha, mas de transparência", salientou Godinho, realçando que "perder estas eleições nestes moldes não é desonroso, ganhar é que é".
A 18 de novembro, a lista D já tinha entregue uma providência cautelar na Unidade Central da Comarca de Lisboa solicitando a suspensão do processo eleitoral.
Hoje, os representantes da lista D revelaram que a juíza que analisou a ação judicial disse que não suspendeu o processo eleitoral porque havia a possibilidade de ser pedida a impugnação das eleições no final do ato eleitoral.
Certo é que o pedido de impugnação vai entrar até ao final do ano nos "tribunais comuns de Lisboa", segundo a informação passada pela lista D, que não sabe quanto tempo o mesmo pode demorar até haver uma decisão.
"Nesse processo será requerida a apensação da providência cautelar", informaram.
As críticas à forma como decorreram as eleições no Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM) não são exclusivas da lista D. Hoje de manhã, o candidato da lista E afirmou que o ato eleitoral de quarta-feira "não foi transparente" e que foi "um processo que envergonha o mutualismo".
Apesar de lamentar o processo eleitoral, Luís Alberto Silva não diz no seu comunicado se irá tomar algum tipo de iniciativa para impugnar as eleições.
Tomás Correia continuará a presidir aos destinos da Associação Mutualista Montepio Geral, depois de a sua lista ter conseguido 30.891 votos na eleição conjunta do Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Mesa da assembleia-geral.
Em segundo lugar ficou a lista D, liderada por António Godinho, com 21,5% (11.298 votos), e em terceiro ficou a lista C, encabeçada pelo economista Eugénio Rosa, com 16,3% dos votos (8.599). Por fim, ficou a lista E, de Luís Alberto Silva, com 3,5% do total de 52.634 votos contabilizados.
A Associação Mutualista é o topo do Grupo Montepio, fazendo parte deste grupo a Caixa Económica Montepio Geral, o chamado banco mutualista, de que até meados deste ano Tomás Correia também era presidente.