De acordo com a deputada social-democrata, os terrenos em causa foram transferidos para a Câmara, na sequência da extinção da EPUL, por um valor de 30,7 milhões de euros, como constava no relatório de liquidação feito em 2013.
Porém, antes deste documento, os terrenos tinham sido avaliados com um valor comercial de cerca de 185,9 milhões de euros, de acordo com o Relatório da Gestão e Contas de 2012 da EPUL.
"Tendo em conta as palavras do presidente" do município, Fernando Medina, proferidas na segunda-feira, aquando da apresentação das contas de 2014, "de que a política de alienação de ativos é para continuar, constatamos que a Câmara de Lisboa, com a venda dos antigos terrenos da EPUL, pode encaixar 155,2 milhões", frisou a deputada.
Margarida Saavedra referiu que isto "significa que a extinção da EPUL, ao contrário do que tem sido dito, quer por António Costa [ex-presidente do município], quer por Fernando Medina, se traduziu numa operação bastante vantajosa para a Câmara de Lisboa".
A deputada faz parte da comissão liquidatária da EPUL, em representação do PSD, juntamente com Jorge Oliveira, Luís Natal Marques e António Júlio de Almeida, estes últimos presidente e ex-presidente da Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL).
"Estamos a assistir a uma desvalorização propositada dos terrenos da EPUL, agora assumidos pelo município. E isto só pode querer dizer uma de duas coisas: ou a desvalorização dos terrenos é para acautelar algum interesse privado alheio ao município ou é propositado para ser mais tarde vendido pelo seu real valor, como se de um grande negócio para o município se tratasse", acusou Margarida Saavedra.
Para a social-democrata, "com esta forma de maquilhar as contas é fácil dizer-se que se atingem os objetivos".
Na segunda-feira, Fernando Medina anunciou que transitou um passivo de 83,1 milhões e um ativo de 66,9 milhões da EPUL para a Câmara de Lisboa, na sequência da extinção, acrescentando que resulta num saldo negativo de 16,2 milhões de euros.
"Os elementos fundamentais que transferiram parte importante do ativo têm a ver com o complexo do Martim Moniz, em que agora estamos a realizar as escrituras finais", e com os "vários terrenos na cidade, que reverteram para património municipal", explicou o autarca socialista na ocasião.
Segundo Margarida Saavedra, esta comunicação foi "desleal e pouco séria", já que tais números constam de um relatório que a comissão liquidatária ainda terá de aprovar.
Margarida Saavedra apontou ainda que foi informada na segunda-feira à tarde de uma reunião com os restantes liquidatários, para aprovar o relatório da liquidação, e que não vai comparecer ao encontro por sentir que não teve tempo suficiente para apreciar o esboço, a que acedeu nesse dia.
O relatório da liquidação deveria ter sido aprovado até 15 de fevereiro, mas, de acordo com Margarida Saavedra, "nunca foi dada explicação para o atraso".