"Se não salvarmos o 'monstro euro', a Europa não se salva"
Luís Amado faz referência a Thomas Piketty, o economista francês, autor de ‘O capital no séc- XXI’, que sugeria numa entrevista recente ao Der Spiegel que, “ao criarmos a zona euro, criámos um monstro”.
© Reuters
Economia Luís Amado
Luís Amado, atual presidente do Conselho de Administração do Banif e antigo governante socialista, assina um artigo de opinião na edição desta semana da Visão, onde sugere que a criação do euro poderá ter dado origem a um monstro – monstro esse com o qual teremos de “aprender a viver”.
O ex-ministro não discorda da posição de Thomas Piketty, que é possível que a criação da zona euro tenha criado um “monstro”, fruto dos constrangimentos que a moeda única impõe. Ainda assim, Luís Amado considera que “temos mesmo de aprender a viver com ‘o monstro’ na certeza de que, se não o salvarmos, a Europa não se salva”.
Na perspetiva de Luís Amado, a instabilidade atual na Europa vai além das dúvidas sobre a moeda única ou até da “ameaça de uma qualquer agressão militar da Rússia”. Na verdade, o que está em causa é o facto de ter sido abalada a “ideia de progresso que alimentou, de geração em geração, a utopia da integração europeia”.
Luís Amado considera ainda que o ressurgimento de alguns movimentos nacionalistas estão ligados à “incerteza sobre o futuro do modelo económico e social em que vivemos” e à tal ideia de fragilidade que agora assombra as expectativas de progresso que durante décadas marcaram a Europa do pós-Segunda Guerra Mundial.
Defendendo que “ninguém poderia imaginar”, no princípio do séc. XXI, “que o continente [europeu] pudesse estar na situação em que hoje se encontra”, o antigo ministro sugere que a preservação da Europa estará também dependente desta ideia de “aprender a viver” com a moeda única e os desafios que esta acarreta.
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