Vítor Bento, num artigo de opinião publicado no site Observador, analisa este domingo a situação económica na zona euro. O economista e antigo líder do Novo Banco considera que algo mais poderia ter sido feito para combater a crise, sobretudo se se comparar a situação da Europa com a americana.
“O mau desempenho da zona euro durante a crise não era inevitável. Esse desempenho poderia ter sido melhor e se o não foi, tal não pode deixar decorrer da política económica seguida”, escreve Vítor Bento, numa comparação da situação europeia e americana, acrescentando que “tudo sugere que a política económica usada pela zona euro para responder à crise foi desadequada”.
Num segundo ponto, traçando uma perspetiva entre os países europeus da zona Euro e os que estão fora do 'comboio' da moeda única, Bento lembra que “a zona euro dedicou mais de um terço da sua vida a um ajustamento desequilibrado, que empobreceu toda a zona”, sendo que, considera o economista, “os custos desse ajustamento recaíram quase exclusivamente sobre os países mais pobres”.
“Os [países] deficitários [grupo onde se insere Portugal], representando menos de 20% da economia e um quarto da população ativa, concentraram quase metade do desemprego de toda a área do euro”, exemplifica.
Depois, explicando que “a zona euro também sucumbiu ao pecado do ajustamento assimétrico”, Vítor Bento diz que “a economia da zona a um desnecessário empobrecimento – relativo e absoluto – como se acabou de ver e que pode pôr em risco a sua própria sobrevivência”.
Por fim, Vítor Bento dá conta da má identificação do real problema europeu, algo que, considera, fez com que a abordagem à crise fosse errada, e que, por consequência, aprofundasse o fosso entre as grandes economias e as economias do sul.
“O problema tem sido, desde o início, identificado como um problema de finanças públicas e de dívida soberana, quando o não é. (…) Esta forma de ajustamento tem, portanto, envolvido uma efetiva transferência de bem-estar social (incluindo emprego) dos Deficitários para os Excedentários”, conclui o economista que liderou o Novo Banco.