"Há potencial para aumentar a mobilização da receita, mas isto tem de estar ligado a mostrar aos cidadãos que o dinheiro é usado pelas razões certas e para os fins adequados", disse Abebe Aemro Selassie na conferência de imprensa de apresentação das Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana.
"As pessoas costumam considerar que os impostos são altos porque não veem serviços públicos de qualidade em termos de saúde, educação, e por isso é preciso demonstrar que o dinheiro está a ir para os sítios certos, minimizando as fugas e a corrupção", acrescentou.
Selassie respondia a uma questão dos jornalistas sobre a elevada dívida pública na região e quais as receitas do FMI para reduzir o elevado endividamento da região, que tem um rácio de dívida sobre o PIB nos 65%.
"A dívida pública é elevada em muitos países, cerca de 20 países estão em risco de sobre-endividamento, 14 estão em elevado risco e seis já estão mesmo em sobre-endividamento", disse o diretor do departamento africano, acrescentando que "o fardo da dívida pública é elevado, mas é por isso que as reformas são necessárias".
Para Selassie, a possibilidade de aumentar os impostos ou alargar a base de tributação resulta do trabalho bem feito pelos países africanos nos últimos anos: "A situação varia de país para país, mas a direção geral é que os países investirem muito nos últimos anos em infraestruturas, em saúde, em educação, e talvez uma área onde não estivemos tão bem é na captura das taxas de retorno de todos estes investimentos através do sistema fiscal", afirmou.
"Construir confiança pública não é apenas uma questão técnica, é essencial", concluiu.
No relatório hoje apresentado, o FMI prevê que região da África subsaariana deverá crescer 4,1% este ano, o mesmo que no ano passado, acelerando depois para 4,4% no próximo ano.
Face a abril, o FMI reviu em alta a previsão de crescimento para este ano para estas economias, passando de 3,6%, em abril, para 4,1%, agora.
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