Procurar

África. FMI avisa que financiamento com bancos locais traz "novos riscos"

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou hoje para "novos riscos" que os países africanos enfrentam por estarem a endividar-se cada vez mais junto da banca nacional, retirando margem para o financiamento da atividade empresarial local.

África. FMI avisa que financiamento com bancos locais traz "novos riscos"

© Lusa

Lusa
16/10/2025 16:00 ‧ há 4 horas por Lusa

Economia

FMI

 

"Os encargos com o serviço da dívida aumentaram, reduzindo o espaço outrora disponível para despesas prioritárias em prol do desenvolvimento; o crescente recurso a financiamento interno oneroso está a aprofundar a relação entre os bancos e as entidades soberanas, gerando novos riscos", lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana.

No documento, hoje divulgado no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem em Washington, o FMI salienta que os bancos africanos são os que detêm mais dívida soberana dos países onde operam, "e estão a aumentar mais rapidamente na África Subsariana do que no resto do mundo".

O perigo, apontam, é a criação de um círculo vicioso: "A deterioração da qualidade creditícia do Estado compromete a solidez do setor bancário, o que pode reduzir a disponibilidade já limitada de crédito privado, afetar o crescimento económico, e também levar a possíveis resgates a bancos, desencadear saídas de capitais e gerar pressões no mercado cambial.

Todos estes fatores podem, por sua vez, agravar os desafios orçamentais, sustentam os economistas do FMI.

O recurso ao financiamento local foi a solução encontrada nos últimos anos pelos governos africanos, que ficaram arredados dos mercados internacionais de capitais no seguimento da pandemia, devido ao aumento das taxas de juro, a que se junta também a redução da ajuda internacional ao desenvolvimento.

A melhor solução, defende a instituição financeira internacional, é recorrer a financiamento concessional, isto é, com grandes prazos de pagamento e baixas taxas de juro, e garantir, em qualquer caso, a proteção dos serviços essenciais, como a saúde, educação e ação humanitária.

Em entrevista à Lusa, o chefe adjunto na divisão de estudos regionais do departamento africano do FMI, António David, admitiu que "a transição para uma parte maior de financiamento no mercado doméstico traz vantagens", entre as quais estão a proteção da exposição cambial, mas considera que os perigos parecem ser maiores que as vantagens.

"A dívida doméstica tende a ser mais cara, com juros mais elevados e tem alguns efeitos negativos do ponto de vista macroeconómico, como a redução da disponibilidade de crédito para o setor privado, o que impacta o crescimento e o desenvolvimento económicos, e traz riscos cambiais, porque quando há uma desvalorização cambial, a dívida automaticamente aumenta", disse António David, que é um dos principais autores do relatório do FMI.

Questionado sobre a razão de isto acontecer, tendo em conta as desvantagens, o economista explicou que "muitos (Estados africanos) não têm acesso ao mercado internacional de Eurobonds".

"Há menos de 20 países africanos que conseguem aceder, podem ter empréstimos diretos, ou sindicâncias [empréstimos de vários bancos em conjunto], mas são em número limitado, e por isso recorrem ao financiamento doméstico", referiu.

Leia Também: Levava clientes a "investir" e ficava com o dinheiro. Foi detido pela PJ

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10