"É um Prémio Nobel, de alguma forma, que era esperado um dia, ou seja, o contributo destes três autores é fundamental em termos quer da chamada economia do desenvolvimento, quer também no papel que a inovação tem para o avanço da economia, quer em países desenvolvidos, quer em vias de desenvolvimento", disse à Lusa Nuno Cunha Rodrigues.
O Prémio Nobel da Economia foi atribuído a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, "por terem explicado o crescimento económico impulsionado pela inovação", segundo anunciou a Real Academia Sueca de Ciências.
Momentos antes do anúncio, Philippe Aghion gravou uma entrevista 'online' com o presidente da Concorrência, com a duração de cerca de meia hora, que será apresentada na Conferência de Lisboa, promovida pela entidade liderada por Nuno Cunha Rodrigues, no dia 23 de outubro, no Centro de Congressos de Lisboa.
"Tivemos a ocasião de comentar sobre vários artigos científicos dele e acho que, no momento em que a Europa está a falhar na inovação, está a falhar no desenvolvimento tecnológico, o contributo que ele dá e que na entrevista referiu é decisivo para tentar relançar a União Europeia e a Europa como um continente de progresso e desenvolvimento", destacou o responsável da AdC.
Segundo Nuno Cunha Rodrigues, Aghion respondeu a várias perguntas relacionadas com o futuro da União Europeia, com o relatório Draghi, com o papel da inovação e com a sustentabilidade ambiental.
"Eu creio que à hora a que foi entrevistado, ele ainda não sabia [do prémio]", relatou o líder da AdC, considerando que se tratou de uma "coincidência muito singular" que torna ainda mais interessante a VII Conferência de Lisboa sobre Direito e Economia da Concorrência, nos dias 23 e 24 de outubro, que vai contar com a participação da vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Teresa Ribera, e um conjunto de renomados economistas e juristas.
A economia do desenvolvimento é um ramo da economia que analisa o desenvolvimento dos países menos ricos, concentrando-se em causas e soluções para a pobreza e a desigualdade, abrangendo um conceito mais amplo do que o mero crescimento económico (aumento do produto interno bruto (PIB)) e incluindo indicadores sociais como saúde, educação, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental.
Metade do prémio hoje anunciado é atribuída ao norte-americano-israelita Mokyr, de 79 anos, "por identificar as condições prévias para o crescimento sustentável através do progresso tecnológico", e a outra metade conjuntamente ao francês Aghion, de 69 anos, e ao canadiano Howitt, de 79 anos, "pela teoria do crescimento sustentável através da destruição criativa".
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