"Sim, confirmamos o interesse. Na prática, não existe ainda uma empresa de handling da SATA, o que existe é uma área económica de handling, e a Gestavia tem um interesse profundo, aliás, já manifestado ao Governo Regional dos Açores, em poder vir a participar num hipotético processo de privatização que venha a acontecer", explicou João Noronha Leal, administrador da Gestavia.
Esta empresa foi criada 2018, tem sede nos Açores e assegura, atualmente, o serviço de handling (serviço de apoio em escala) para os aviões militares na Base das Lajes e também para os jatos privados em vários aeroportos do país.
Pretende agora alargar o negócio para a aviação comercial, embora sem valores ainda definidos.
"Não está nada definido, por enquanto. Estes processos são, por natureza, complexos e exigem a elaboração de diligências, do lado de quem vende e do lado de quem se propõe a comprar, e, portanto, terá de haver um processo de análise profunda antes de qualquer operação propriamente dita", justificou João Noronha Leal.
O Governo dos Açores, que está a levar a cabo um processo de privatização da Azores Airlines (a empresa da SATA que efetua as viagens internacionais), anunciou em setembro que decidiu separar o handling da companhia aérea, por forma a alienar também esta componente de negócio.
Segundo o executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, esta decisão surge na sequência do Plano de Reestruturação da SATA, aprovado em 2022 pela Comissão Europeia, e que impõe uma série de medidas com vista a tornar a transportadora aérea açoriana mais equilibrada, do ponto de vista financeiro.
Caso venha a ficar com o serviço de handling da SATA, a Gestavia garante que irá assumir todo o quadro de pessoal da empresa a adquirir.
"Temos a absoluta noção da importância que a SATA tem na economia regional, nas diferentes ilhas, e o que pretendemos é valorizar a SATA e valorizar também os empregos que existem, as pessoas e as suas carreiras. Não temos qualquer intenção de efetuar despedimentos", afirmou.
A Gestavia, que emprega atualmente, mais de 200 trabalhadores, metade dos quais em Lisboa, tem licença para operar em 12 aeroportos e aeródromos em todo o país, e aguarda a conclusão do processo de licenciamento para outros seis.
"Concretamente, no arquipélago dos Açores, estamos presentes em quatro ilhas, onde estamos licenciados a operar e em obtenção de licenças para operarmos nas restantes", sublinhou ainda João Noronha Leal, segundo o qual a empresa tem "muita experiência" em matéria de handling.
A par da possível privatização do handling da SATA, o Governo dos Açores está também em negociações para a privatização da Azores Airlines, com o consórcio Newtor/MS Aviation, o único que se mostrou interessado na aquisição do capital social da companhia aérea.
Em junho de 2022, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias, prevendo medidas como a reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de controlo (51%).
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