"Antevemos que, se a inflação continuar moderada, abaixo da meta dos 5%, o comité de política monetária do Banco de Moçambique pode continuar e fazer mais um corte de 0,5 pontos percentuais no final de novembro", escrevem os analistas num comentário à descida decretada pelo banco central no final de setembro, quando desceu a taxa de referência de 10,25% para 9,75%.
A taxa de juro de referência é a taxa utilizada pelo banco central para emprestar aos bancos, sendo geralmente um pouco abaixo da taxa a que os bancos emprestam aos clientes particulares e empresariais.
"Com uma inflação de 4,8% em agosto, a inflação continua abaixo da meta implícita de 5% do banco central; apesar de não ter definido uma meta oficial para a inflação, tinha o objetivo de manter a taxa de subida dos preços dentro da margem entre os 2 e os 8% no âmbito do mais recente programa do Fundo Monetário Internacional (FMI), que terminou em abril", explicam os analistas, notando que "esta é a 11.ª vez que as taxas foram descidas desde o ano passado, o que representa uma descida acumulada de 7,5 pontos percentuais em quase dois anos.
O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique cortou, a 29 de setembro, a taxa de juro de política monetária MIMO, em 0,50 pontos percentuais, para 9,75%, anunciou o governador, Rogério Zandamela.
"Esta medida decorre essencialmente da manutenção das perspetivas da inflação em um dígito no médio prazo, refletindo em parte a estabilidade da taxa de câmbio e a tendência favorável dos preços internacionais de mercadorias, não obstante a prevalência a nível doméstico de elevados riscos e incertezas associados às projeções", disse o governador, em conferência de imprensa, em Maputo, no final da reunião do CPMO, que se realiza a cada dois meses.
A taxa de juro diretora em Moçambique esteve fixada em 17,25% desde setembro de 2022, após a intervenção do banco central, que depois iniciou cortes consecutivos a partir de 31 de janeiro de 2024, quando reduziu para 16,5%.
Em março do ano passado o Banco de Moçambique cortou para 15,75%, em maio para 15%, em julho para 14,25%, em setembro para 13,5%, em novembro para 12,75%, em janeiro deste ano para 12,25% e em março para 11,75%, seguindo-se novo corte em maio, para 11,00%, em julho para 10,25% e em setembro para 9,75%.
"O CPMO continuará com o processo de normalização da taxa mínimo no médio prazo, porém, em magnitudes modestas - eu diria cada vez mais modestas -, o ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspetivas da inflação, bem como da avaliação de riscos e incertezas subjacentes às projeções do médio prazo", disse ainda.
O governador recordou que este "processo de normalização" foi iniciado no início de 2024, com um prazo então estimado, e agora concretizado, de "24 a 36 meses", acabando "beneficiando" famílias, empresas e o Estado, ao acumular uma descida de 700 pontos percentuais.
Leia Também: Moçambique mantém preço de referência de castanha de caju em 45 meticais