"Portugal tem todas as condições neste novo enquadramento, nesta nova Ordem mundial que se está a desenhar para emergir como um dos vencedores. Temos talento humano, novas gerações francamente bem preparadas, uma localização que é atrativa para quadros de topo, uma dimensão que não confere receios às grandes potências mas que nos permite acesso a mais mercados", disse Miguel Maya na abertura da Millennium Talks COTEC Innovation Summit.
Na sua intervenção no evento que decorreu hoje na Feira Internacional de Lisboa (FIL), o banqueiro apontou que o mundo está a viver um momento de transição para uma nova ordem que vai exigir ajustamentos no tecido empresarial e da vida social.
Entre as mudanças, estão as alterações climáticas e a transição energética -- cujas metas considerou dificilmente serem atingidas devido à fragmentação mundial -- ou guerras e convulsões, "como a invasão da Ucrânia ou o horror" que se vive na Palestina, entre outros conflitos menos mediáticos.
Além disso, referiu que também que no fenómeno das migrações o discurso não pode ser simplista ao ponto de um "sim ou não", e que integração das migrações deve ser feita de forma profunda e que o crescimento da economia e da população tem de passar por uma diversidade planeada e não descontrolada.
"O tema é como integrar, como assegurar que temos uma cultura sólida, coesa e que temos um país que consegue prosperar e que tem capacidade de atrair e reter talentos, independentemente da nacionalidade", disse.
Miguel Maya defendeu ainda um reforço do tecido empresarial e da economia gerar mais valor.
Dentro da economia, recordou a recuperação que a banca portuguesa fez nos últimos dez anos, evocando uma análise da Moody's que colocou a banca portuguesa como a segunda mais robusta na Europa, apenas atrás da Noruega.
"Quem poderia dizer isto há dez anos? Não é só o BCP. E isto num contexto que era altamente desfavorável à banca", incluindo com taxas de juro negativas.
Segundo o banqueiro, o setor teve de tomar decisões "muito difíceis e muito criticadas em alguns momentos", mas que tinham um propósito claro: "os interesses da banca tinham de estar absolutamente alinhados com aquilo que eram os interesses da economia real".
Nesse sentido, e sublinhando a recuperação da valorização bolsista -- "manifestamente acima do índice europeu" -- Miguel Maya saudou a notação A recebida pelo banco ao fim de 16 anos.
No início do mês, a agência de notação financeira Morningstar DBRS subiu a avaliação do BCP, incluindo a de longo prazo, de "BBB" ('high') para "A" ('low').
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