No documento, enviado à Lusa, a Fectrans (Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações) disse que "os salários no setor dos transportes e comunicações têm-se degradado devido ao seu crescimento muitas vezes abaixo do valor da inflação e/ou abaixo do crescimento do salário mínimo nacional".
Segundo a Federação, com esta situação "já hoje são milhares os trabalhadores que recebem o salário mínimo nacional".
"A exigência que temos assumido de aumento de salários, tendo como referencial de 15%, no mínimo de 150 euros, é justa porque é o que permite aumentar a diferença com o salário mínimo nacional, valorizando assim as profissões", referiu a organização.
As reivindicações passam ainda pelo horário de 35 horas semanais, que diz ser um "objetivo justo", considerando o desenvolvimento técnico e tecnológico e para conduzir a "uma melhor conciliação do trabalho com a vida familiar".
Na resolução, os trabalhadores apelam ainda para a redução da idade da reforma, apontando que a "atividade no setor dos transportes, comunicações e telecomunicações, caracteriza-se pelo trabalho por turnos e horários irregulares, em condições anómalas, em subsolo, sujeitos a intempéries, com impacto na saúde dos trabalhadores".
O plenário de dirigentes e delegados sindicais defendeu ainda a manutenção da "componente pública do setor", lamentando que o Governo continue "a prosseguir uma política de transformação da componente social do setor dos transportes e comunicações, em negócios para os grupos económicos e financeiros, como se comprova com o processo de intenção da privatização da TAP".
Para os subscritores da resolução, é preciso "reforçar a exigência da defesa da componente pública das empresas do Setor Empresarial do Estado", bem como "a exigência da (re) nacionalização das empresas que foram privatizadas no setor dos transportes e comunicações e que são necessárias para a prestação de um serviço público, de qualidade e que esteja ao serviço do país e dos portugueses".
Assim, defendem, "a par do agravamento das condições de vida e trabalho, os trabalhadores portugueses estão confrontados com uma brutal ofensiva, contra os direitos laborais, nas mais de 100 propostas de alteração da legislação laboral que o governo AD apresentou", lê-se no documento.
A Fectrans planeia, para defender estas reivindicações, desenvolver em outubro "uma ampla ação de contacto com os trabalhadores, através de plenários, visitas aos locais de trabalho, ações à porta das empresas, de modo ao esclarecimento e discussão sobre a ofensiva do Governo e construção das propostas reivindicativas".
Quer ainda mobilizar os trabalhadores do setor para "todas as ações de luta dinamizadas pela CGTP-IN contra o pacote laboral, por melhores salários e pela redução do horário de trabalho", bem como dinamizar a recolha de assinaturas de um abaixo-assinado dirigido ao primeiro-ministro, "rejeitando o pacote laboral e exigindo a sua retirada, a revogação das normas gravosas da lei do trabalho e o aumento de salários e direitos", e que tem como objetivo mínimo 10.000 assinaturas.
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