Em declarações à agência Lusa, o presidente da ALEP - Associação do Alojamento Local em Portugal, Eduardo Miranda, manifestou preocupação com o impacto dos incêndios que afetaram durante semanas várias zonas do país, com impacto no alojamento local e no turismo em geral.
"Para já temos de fazer um levantamento dos danos e saber se as perdas são as imediatas, estruturais ou se tem a ver com a perda da capacidade de gerar rendimento por falta de atratividade da própria zona destino", salientou.
Eduardo Miranda lembrou que muitos destes operadores oferecem turismo de natureza, que ficou comprometido pelo impacto das chamas.
"A natureza é o grande atrativo. O problema é que a recuperação demora. O alojamento local e as empresas turísticas viviam de passeios ou da beleza do local. As pessoas iam descansar e ver o verde e não um vale queimado. É preciso outro apoio para os operadores a pensar não só na tesouraria, mas como é que eles desenvolvem alternativas. De qualquer forma é cedo para fazer esta avaliação, as pessoas ainda estão a recuperar do susto", disse.
O diploma do Governo que estabelece medidas de apoio e mitigação do impacto de incêndios rurais entrou em vigor na segunda-feira, com efeitos retroativos a 01 de julho, de acordo com o texto publicado no domingo em Diário da República.
Entre as medidas está previsto o financiamento de equipamentos sociais, apoios a infraestruturas e a habitações legalizadas urbanisticamente ou suscetíveis de legalização, até 250 mil euros.
São criadas linhas e sistemas de apoio a empresas, assim como à "regeneração, valorização turística e promoção dos territórios atingidos pelos incêndios, destinada a financiar entidades públicas e entidades privadas sem fins lucrativos", medidas de restabelecimento do potencial produtivo agrícola e apoio a produtores pecuários e apicultores.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram quatro mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Os fogos levaram a "cancelamentos massivos" de reservas em hotéis, alojamentos e restaurantes, em plena época alta, ameaçando comprometer os resultados de 2025, segundo a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que aguarda medidas de apoio ao setor.
"Para já, sabemos que muitos negócios ficaram inoperacionais, não por terem sido fisicamente atingidos pelas chamas, mas por vários fatores, [como] cancelamentos massivos de reservas, que deixaram hotéis, alojamentos e restaurantes praticamente sem clientes", avançou a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, numa resposta escrita enviada à Lusa.
Leia Também: PCP não se oporá a nenhuma comissão parlamentar aos incêndios