Em declarações aos jornalistas após uma visita ao espaço da Festa do Avante, na Quinta da Atalaia, no Seixal, Paulo Raimundo assegurou que o PCP não se vai "opor a nenhumas iniciativas que geralmente acontecem sempre" após os incêndios.
"É grupos de estudo, é comissões de inquérito, é comissões sobre a comissão de inquérito, é grupos sobre o estudo que foi feito. Sabemos que é assim, tradicionalmente é assim e assim vai ser outra vez. Não será por nós que esses grupos, esses estudos, essas comissões, esses inquéritos deixarão de ser feitos", frisou.
No entanto, Paulo Raimundo salientou que "o fundamental do que é preciso fazer está mais do que identificado", porque já foram feitos estudos, recomendações e cadernos de encargos sobre o assunto no passado.
"O desafio não é mais comissões, não são novos planos. O desafio é fazer o que é preciso fazer e, no fim, faz-se o balanço. Mas pronto, parece que mais ninguém quer saber o que é que é preciso fazer", disse.
O secretário-geral do PCP assegurou que o seu partido estará em qualquer comissão parlamentar sobre os incêndios que venha a ser constituído, mas garantiu que não irá largar "a questão central".
"Nós temos uma comissão técnica independente que, no seguimento dos fogos de 2017, em particular na situação de Pedrógão, tirou conclusões, fez recomendações. E então? Não serve para nada? Não serviu para nada esse trabalho? Não se fez praticamente nada", disse, acusando o Governo de "continuar a desprezar" o que é preciso fazer no que diz respeito à floresta, à coesão territorial e, em particular, ao interior.
Chega, Bloco de Esquerda e Juntos Pelo Povo (JPP) já anunciaram que vão propor uma comissão de inquérito parlamentar à gestão dos incêndios, enquanto o PS indicou que vai avançar com uma comissão técnica independente.
PSD e PS já anunciaram que vão votar contra a proposta do Chega e André Ventura anunciou que a vai impor, recorrendo à figura parlamentar do direito potestativo.
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