Em junho, três das seis concessionárias de jogo a operar em Macau - SJM, Galaxy e Melco - comunicaram às autoridades que, até 31 de dezembro, vão terminar a exploração de todos os 'casinos-satélite'.
Na altura, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong Weng Chon, exigiu às operadoras a garantia de um emprego para os cerca de 5.600 trabalhadores locais afetados.
André Cheong prometeu ainda "fiscalizar de perto a situação", algo que apenas tranquiliza José Pereira Coutinho "a breve trecho".
"Muitos trabalhadores [dos 'casinos-satélite'] ainda não sabem onde vão ser colocados", enquanto outros funcionários foram destacados para funções muitos diferentes das que ocupavam, lamentou o deputado.
Pereira Coutinho disse temer que, "a médio ou longo prazo", os empregados possam ser pressionados "a pedir a demissão por não conseguirem cumprir as exigências" das concessionárias.
Os 'casinos-satélite', sob a alçada destas concessionárias, são geridos por outras empresas, sendo uma herança da administração portuguesa e que já existia antes da liberalização do jogo no território, em 2002.
Quando a legislação que regula os casinos foi alterada, em 2022, estabeleceu-se o final de 2025 como data limite para terminar a atividade destes espaços de jogo.
Dos 'casinos-satélite' a operar em Macau, nove pertencem à SJM, um à Galaxy e outro à Melco, que tem ainda seis clubes Mocha - salas de máquinas de jogo.
A SJM decidiu tentar a aquisição da propriedade dos hotéis onde se localizam dois 'casinos-satélite' - Ponte 16 e Casino Royal Arc - e pedir às autoridades para assumir a gestão direta dos espaços.
Já a Melco anunciou o encerramento do casino Grand Dragon e de três clubes Mocha, embora pretenda explorar, "através da contratação de sociedade gestora", outros três.
Por outro lado, Pereira Coutinho disse que a exigência às concessionárias de um emprego para os trabalhadores dos 'casinos-satélite' pode agravar o desemprego entre os recém-licenciados.
"Muitos jovens licenciados continuam a manter-se desempregados durante anos", lamentou o deputado.
Segundo dados oficiais, a taxa de desemprego entre os detentores de um diploma universitário era de 3,3% no segundo trimestre de 2025, acima da taxa global de 1,9% para toda a população de Macau.
Pereira Coutinho alegou mesmo haver "licenciados nas universidades estrangeiras [que] desistem de regressar ao território por falta de oportunidades de trabalho".
O deputado apelou ao Governo para implementar "medidas eficazes para reduzir o número de trabalhadores não residentes das grandes empresas, facilitando a empregabilidade dos jovens e os de idade média".
No final de junho, Macau tinha quase 182.600 trabalhadores migrantes, mais 1,475 do que no mesmo mês de 2024, de acordo com dados oficiais.
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