A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, assegurou, esta terça-feira, que o Governo vai trabalhar para que haja uma "recuperação" das áreas afetadas pelos incêndios e adiantou que será feita uma reestruturação do modelo de gestão das área protegidas, nomeadamente através da reorganização do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e da nomeação de diretores.
Em declarações aos jornalistas após uma visita à Serra do Açor e Mata da Margaraça, fortemente afetas pelas chamas do incêndio que deflagrou em Arganil, a ministra foi questionada sobre a possibilidade de o Governo estar agora a vender sonhos, algo que a governante recusou.
"Espero que não. Vamos fazer para que seja uma realidade. Fazer uma renaturalização destas zonas, uma recuperação destas zonas e também olhar para o modelo de gestão das áreas protegidas, ter um modelo de maior proximidade, ter mais técnicos no terreno", apontou, frisando assim a necessidade de ter pessoas em permanência nestas áreas "durante todo o ano".
"Uma grande reorganização do ICNF para que ele esteja mais nos locais perto das zonas protegidas e também uma gestão mais simples e mais eficiente, principalmente para as grandes zonas e parques naturais de grande dimensão", acrescentou.
Assim, acabou por dizer que ocorrerá a nomeação de diretores que, caso dos cinco principais, vão ser indigitados nos "próximos dias". O objetivo é que possam assegurar uma gestão "mais direta e vertical" e que possam "tomar decisões de forma flexível e rápida".
"Esta medida já estava a ser desenhada antes dos incêndios", salientou a ministra.
Recorde-se os cinco maiores parques são Peneda-Gerês, Serra da Estrela, Serra de São Mamede, Costa Vicentina e Serra da Arrábida.
A ministra do Ambiente e da Energia adiantou que vão ser instaladas câmaras térmicas nos parques naturais que ainda não as possuem para que exista monitorização e controlo de temperatura para deteção precoce de focos de incêndio.
Para mitigar os efeitos da erosão, a governante anunciou intervenções urgentes nos solos florestais, nomeadamente a execução de barreiras de proteção e sementeiras nos próximos dias.
Nas declarações aos jornalistas, na Fraga da Pena, inserida na área protegida da Serra do Açor, Maria da Graça Carvalho disse ainda que, na reflorestação daquela zona, vão ser utilizadas espécies mais resistentes ao fogo.
O incêndio que começou no dia 13 de agosto em Piódão, no concelho de Arganil e que entrou em resolução no domingo, ao fim de 11 dias, atingiu a zona superior da Mata da Margaraça e a Fraga da Pena, na freguesia de Benfeita,
A sede de freguesia da Benfeita é uma aldeia de xisto do concelho de Arganil que fica próxima da Mata da Margaraça, uma das mais importantes florestas caducifólias nacionais.
Esta aldeia situa-se junto à Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor, junto à Fraga da Pena.
O incêndio que deflagrou em Arganil apresenta a maior área ardida de sempre em Portugal, com 64 mil hectares consumidos, segundo o relatório provisório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
O fogo afetou também os concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), Seia (Guarda) e Castelo Branco, Fundão e Covilhã (Castelo Branco).
Interrogada sobre o que falhou para que o fogo consumisse uma área tão grande, a ministra recusou "fazer uma análise ao combate dos incêndios". Contudo, "no meio de tanta tristeza", destacou um "ponto positivo": "As casas, todas as habitações, todas as empresas, foram protegidas", completou.
[Notícia atualizada às 19h07]
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