Apesar de não ter atingido os níveis de participação registados na greve de maio --- que rondaram os 80% a 90% --- o dirigente sindical Marcos Rebocho considera que o balanço dos dois dias de paralisação "é positivo", sublinhando que "saíram decisões importantes da parte dos trabalhadores", entre as quais uma moção reivindicativa entregue na terça-feira à administração.
"A moção reivindicativa aprovada no primeiro dia foi entregue à administração, que agora tem um prazo de 30 dias para responder. Se não responder mantemos a greve marcada para dia 08 de outubro", afirmou hoje à Lusa o dirigente.
Os trabalhadores da Sumol+Compal em Almeirim aprovaram uma moção com reivindicações entre as quais se destacam o aumento dos salários, a atualização do subsídio de alimentação e a negociação do contrato coletivo de trabalho.
O segundo dia de greve decorreu hoje sem concentrações, mas com uma adesão estimada entre 50% e 60%, segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Setores Alimentar (STIAC).
Segundo Marcos Rebocho, o clima dentro da empresa continua marcado por "um descontentamento generalizado", sobretudo em relação à estagnação salarial e à ausência de negociação do contrato coletivo de trabalho, suspenso desde 2009.
Rebocho criticou ainda os "ajustes pontuais" feitos pela administração após a greve de maio, como o pagamento da hora noturna entre as 07:00 e as 08:00 e o aumento residual de 2% nas horas noturnas.
"A maioria dos trabalhadores não concorda com esta forma de individualizar os aumentos", disse.
Na sequência desta paralisação, os trabalhadores decidiram ainda agendar uma reunião no Ministério do Trabalho com a associação patronal do setor das águas, sumos e refrigerantes, com o objetivo de retomar as negociações do contrato coletivo.
O dirigente sindical Marcos Rebocho manifestou reservas quanto a esse encontro, afirmando não ter expectativas de que a associação patronal avance com propostas concretas para a atualização do contrato coletivo de trabalho.
Segundo o sindicalista, mesmo que haja abertura para negociar, é provável que sejam exigidas contrapartidas que impliquem a retirada de direitos já adquiridos pelos trabalhadores, cenário que "não será aceite" pelo sindicato.
"O normal nas reuniões que temos tido é darem com uma mão e tirarem com a outra. Não podemos permitir que, para nos darem uma coisa, tenhamos de prescindir de outra", afirmou.
Para além da moção reivindicativa e da reunião no ministério do trabalho, os trabalhadores agendaram ainda uma nova greve para o dia 08 de outubro e a realização de um plenário no dia 29 de setembro, já fora do período de férias, com o objetivo de "mobilizar um maior número de trabalhadores".
A Sumol+Compal é uma das principais empregadoras da região de Almeirim e os trabalhadores têm vindo a manifestar descontentamento com paralisações regulares desde 2023.
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