Afinal, mudar para tarifa bi-horária da eletricidade é ou não uma boa ideia? O que deve saber é que "não é garantido que a fatura fique muito mais leve". Quem o diz é a DECO PROTeste, que deixa ainda um aviso: "sem disciplina férrea que migre consumos para as horas de vazio, é até possível pagar mais do que com a tarifa simples".
"O preço do kilowatt-hora, na aparência, não engana. Um simples exercício de comparação permite concluir que um ganho arredondado de 5,5 cêntimos por cada kilowatt-hora, no mercado regulado, premeia a escolha da tarifa bi-horária, em vez da simples. A partir daqui, o prémio soma e segue: será tanto mais expressivo, quantos mais eletrões escorrerem para o horário de vazio. O plano parece a bala de prata para reduzir a fatura de eletricidade. Mas será mesmo assim? É hora de puxar o travão de mão e interromper esta corrida mental à poupança", explica a organização de defesa do consumidor.
Ora, se pondera aderir à tarifa bi-horária para aliviar a fatura da eletricidade, deve saber que a "relação exige fidelidade canina", pelo que, se não o fizer, "os 5,5 cêntimos a menos passarão a 3,5 cêntimos a mais do que pagaria com a tarifa simples ao efetuar consumos em horários fora de vazio".
"Para saber se pode prestar vassalagem à tarifa bi-horária, terá de esquadrinhar o perfil de consumo doméstico. Não basta a quantidade de kilowatts-hora, abreviados em kWh. Há que saber em que alturas do dia as máquinas de lavar arrancam ou o ferro de engomar desliza sobre a roupa, e para quantas empreitadas, a cada semana, são chamados a colaborar. Se houver um automóvel elétrico, anote também quando e quanto é ligado à tomada. Já os painéis de autoconsumo são um trunfo, pois fornecem energia nas horas de eletricidade mais cara", recomenda a organização.
Questões que deve fazer antes de aderir à tarifa bi-horária
De acordo com a DECO PROTeste, antes de avançar deve perguntar "a si mesmo se está disposto a passar fins de semana a pastorear máquinas, ou pode ligá-las à noite, correndo o risco de agastar a vizinhança, para obter um ganho marginal".
"Por outras palavras, tem vida para a bi-horária? Os deslizes, não se esqueça, são punidos à razão de 3,5 cêntimos por kilowatt-hora face à tarifa simples", avisa a organização de defesa do consumidor.
Tarifa bi-horária compensa?
A DECO PROTeste sublinha que a "tarifa bi-horária tem boas intenções, mas a sua rigidez torna-a potencialmente incompatível com o estilo de vida de muitas famílias".
E explica: "Se concentra os consumos no início da manhã e no fim do dia, e mantém idêntico esquema ao fim de semana, a tarifa bi-horária pode não oferecer vantagem. O mesmo sucede, se trabalhar segundo um regime híbrido, que lhe permita ir à empresa apenas em alguns dias da semana, permanecendo em casa nos restantes. Entre e-mails e reuniões, sempre faz umas máquinas de roupa. Mas, em horário que não é de vazio, lá está".
Por outro lado, se "costuma andar por fora durante a maior parte do dia e lhe é possível deixar as máquinas a lavar à noite, pode ser que tenha sorte. Mas terá de consumir, pelo menos, os tais 50% de eletricidade nos períodos mortos".
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