"Há muitas razões para a marcação do plenário de hoje e para as formas de luta que os trabalhadores decidiram e outras que venham a decidir, pelo que desafiamos a administração a que, em vez de epístolas para desviar as atenções do essencial, se centre na resolução dos problemas concretos", referem os sindicatos representativos dos trabalhadores, numa carta aberta à administração da transportadora.
Da sua parte, os sindicatos prometem "toda a disponibilidade para as evoluções necessárias, que garantam a paz social na empresa não só nos dias festivos, mas ao longo de todo o ano".
"Reafirmamos toda a nossa disponibilidade para reunir as vezes que forem necessárias para a discussão efetiva das soluções para o conflito e não apenas para reuniões sem conteúdo", lê-se na missiva a que a Lusa teve acesso.
O Metropolitano de Lisboa anunciou na quarta-feira que vai suspender a circulação e encerrar todas as estações a partir das 20:00 de hoje devido ao plenário dos trabalhadores, considerando a iniciativa dos sindicatos -- marcada das 21:15 às 02:30 de sexta-feira - "inédita e inusitada".
Acusando a administração do Metropolitano de optar pela "divagação e fuga para a frente, em vez da procura efetiva da resolução dos problemas", os sindicatos asseguram que os trabalhadores são "os primeiros a estarem interessados e empenhados em garantir um transporte de qualidade", não só em dias como o de hoje, noite das festas dos Santos Populares em Lisboa, mas nos "365 dias do ano".
Contudo, acrescentam, "isso não pode ser à custa no adiamento da resolução dos problemas e cumprimento dos acordos firmados".
Entre as razões para "o descontentamento e protesto dos trabalhadores", os sindicatos apontam a falta de cumprimento de acordos firmados relativamente à redução do período normal de trabalho para as 37,5 horas semanais, a aplicação dos critérios definidos no Acordo de Empresa para os concursos internos, entre outras matérias.
No comunicado divulgado na quarta-feira à noite, o Metropolitano de Lisboa refere que a convocatória das organizações sindicais para o plenário apela "expressamente à participação de todos os trabalhadores, não considerando a necessidade de assegurar serviços de natureza urgente e essencial", devido às festas dos Santos Populares de Lisboa.
Na nota, o conselho de administração assegura ainda que "continuará empenhado na resolução célere e eficaz das matérias objeto do processo negocial em curso" e reitera o "seu firme compromisso com uma postura de diálogo aberto, transparente e institucionalmente responsável com todas as estruturas representativas dos trabalhadores".
Já hoje, a Câmara de Lisboa anunciou algumas alternativas para "mitigar os impactos" da paralisação do metro, nomeadamente que a Carris será gratuita a partir das 18:00, apesar de o operador de transporte da cidade de Lisboa estar em greve de 24 horas até à meia-noite.
A CP -- Comboios de Portugal disponibilizará, durante a madrugada (período em que geralmente interrompe a circulação) um comboio por hora na Linha de Cascais e um comboio a cada 30 minutos na Linha de Sintra, enquanto a Linha da Azambuja será reforçada com dois comboios durante a noite, às 01:30 e às 03:30, a partir de Santa Apolónia.
O serviço de transporte fluvial será reforçado, a partir do Terreiro do Paço, com barcos a saírem para Montijo/Seixal e Barreiro às 02:00 e às 05:00.
Entre as outras soluções apontadas, a autarquia refere ainda que haverá mais estações de tomada e largada de passageiros dos serviços de táxi e TVDE nas zonas de Martim Moniz, Praça da Alegria e Marquês de Pombal.
O Metropolitano de Lisboa opera diariamente com quatro linhas: Amarela (Rato-Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Sodré), Azul (Reboleira-Santa Apolónia) e Vermelha (Aeroporto-São Sebastião). Normalmente, o metro funciona entre as 06h30 e as 01h00.
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