No rescaldo da 'luz verde' dada ao parecer sobre o futuro da Política Agrícola Comum (PAC) que redigiu em conjunto com Piotr Calbecki, a recém-eleita eurodeputada Isilda Gomes considerou que além da regulamentação no setor da agricultura, é também preciso olhar mais de perto as regiões.
"Temos de dar força ao programa Leader, que é um programa que está mais próximo dos cidadãos e que é gerido pelas regiões que melhor conhecem os problemas dos agricultores e que melhor podem ajudar", explicou ao Notícias ao Minuto.
A socialista não esqueceu ainda os 'mais novos', apontando que o apoio aos jovens agricultores era fundamental. "Não podemos ter zonas desertificadas e temos de combater aquilo a que chamamos a geografia de descontentamento, que é a situação de jovens agricultores - ou menos jovens - que estão em locais desertos ou com pouco apoio", considerou, explicando que o programa acima poderá vir a dar um contributo para que a população se "sinta melhor nesses locais" - ou seja, que "haja um repovoamento das zonas que, neste momento, estão abandonadas".
A aprovação do documento aconteceu durante a 161.ª sessão plenária do Comité das Regiões Europeu, em Bruxelas, onde também esteve presente o Comissário da Agricultura, Janusz Wojciechowskim, que considerou que o parecer era não só "inovador", como também "um contributo chave para o diálogo no futuro da agricultura". "Penso que a proposta tem todas as condições para vir a melhorar a vida dos nossos agricultores", referiu, acrescentando: "Temos de beneficiar quem tem mão-de-obra, pessoas a trabalhar, e haver uma melhor distribuição das verbas. Não podem ir todas para quem tem mais hectares".
O descontentamento do setor viu-se ao longo dos últimos meses em várias regiões europeias, com alguns protestos a tornarem-se mesmo mais violentos e a obrigarem a reforços policiais. "Se a Comissão Europeia no pós-2027 implementar estas medidas, acredito que agricultores vão ficar muito melhores e acredito que muitas destas manifestações deixem de existir", afirmou.
Quando questionada sobre as eventuais barreiras que esta proposta poderá vir a trazer, Isilda Gomes lembrou os "apenas dois votos contra o parecer", o que mostra desde logo que este foi "muito bem aceite": "Não vejo grandes reservas para que a próxima Comissão Europeia não ponha em prática esta proposta. Neste momento, tem toda a possibilidade de andar para a frente e fazer lei", referiu.
Ainda quanto ao futuro, e já fora do setor da agricultura, houve um outro tema a ser abordado - a eventualidade de o ex-primeiro-ministro António Costa ser escolhido para presidência do Conselho Europeu. "Para mim seria uma enorme alegria. Sempre fui apoiante de António Costa, sempre achei que é um político muito sagaz, arguto e uma pessoa com muitas capacidades", considerou Isilda Gomes, acrescentando: Ao "colocar essas capacidades ao serviço da Europa, ficamos todos a ganhar. Fica a Europa e fica Portugal".
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