'Vice' do BCE optaria por taxa fixa ou variável? Eis o que respondeu
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse hoje que "a inflação é um mal absoluto" para a economia e advertiu que o cenário "de taxas" que existia há dez ou doze anos "não se repetirá". Além disso, confessou que se pedisse um empréstimo optaria por uma "taxa fixa", mas por uma "razão totalmente pessoal".

© Thomas Lohnes/Getty Images

Economia Luis de Guindos
Luis de Guindos fez estas declarações num fórum empresarial na cidade espanhola de San Sebastian, onde defendeu o nível atual das taxas de juro (4,5%) para "reduzir substancialmente" a inflação e convergir para o objetivo de 2%.
O antigo ministro espanhol afirmou que "a inflação é um mal absoluto" para a economia, que afeta especialmente as classes "mais desfavorecidas", e sublinhou que a "principal contribuição do BCE é tentar reduzi-la o mais rapidamente possível".
No entanto, reconheceu que "a contribuição positiva para a descida da inflação não vai ser tão intensa" como foi nas últimas duas décadas, embora nos próximos meses continue a abrandar.
"O aumento das taxas de juro não é popular. É um remédio por vezes amargo" e "sabemos o impacto que tem nas famílias, mas não há alternativa", disse Guindos.
Luis de Guindos optaria por uma "taxa fixa": "Sou bastante conservador"
O vice-presidente do BCE confessou que se pedisse um empréstimo optaria por uma "taxa fixa", mas por uma "razão totalmente pessoal".
"Sou bastante conservador", sublinhou, depois de ter brincado com o facto de se tratar de uma "pergunta com rasteira".
Relativamente à remuneração dos depósitos bancários, Guindos afirmou que já existe um aumento da remuneração dos passivos, nomeadamente dos depósitos a prazo, que "vai continuar".
Aludiu ainda à "prudência" e ao "elevado nível de incerteza" que persiste no cenário atual e admitiu que prevê "estagnação económica" para a segunda metade do ano na zona euro, "muito próxima de cerca de 0%".
No entanto, do lado positivo da balança, apontou o desempenho do mercado de trabalho, o que explica que, apesar da subida das taxas de juro e da sua transmissão ao custo das hipotecas, os incumprimentos bancários continuem em níveis "muito baixos", algo que não aconteceu na crise económica que ocorreu entre 2008 e 2012.
Sobre questões fiscais, Guindos afirmou que qualquer imposto sobre os bancos não deve afetar a concessão de crédito ou a solvabilidade das instituições.
O vice-presidente do BCE espera também que a reforma das regras orçamentais da União Europeia (UE) esteja pronta antes do final do ano e salientou que a política orçamental não pode ser uma "barra livre" que colida com a política monetária.
Por último, Guindos salientou que "as alterações climáticas estão aqui" e sublinhou a necessidade de implementar "políticas para tentar limitar o aquecimento global e favorecer a descarbonização".
"Esta é, fundamentalmente, uma tarefa dos Governos", alertou.
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