Meteorologia

  • 14 MAIO 2024
Tempo
15º
MIN 14º MÁX 19º

"Funcionários felizes são 12% mais produtivos que os restantes"

O Porto vai receber uma conferência dedicada à felicidade empresarial, numa altura em que há cada vez mais casos de burnout. O CEO do Happiness Camp considera que funcionários felizes são mais produtivos e adianta que as empresas têm à sua disposição algumas ferramentas que contribuem diretamente para a felicidade dos seus trabalhadores.

"Funcionários felizes são 12% mais produtivos que os restantes"
Notícias ao Minuto

09:45 - 21/08/23 por Beatriz Vasconcelos

Economia António Pedro Pinto

Vem aí mais uma edição do Happiness Camp, uma conferência dedicada à felicidade empresarial na Europa, promovida pelo Lionesa Business Hub. A organização espera cerca de 6.000 participantes de 12 nacionalidades diferentes.

O evento - que decorre na Alfândega do Porto, a 14 de setembro - surge como um movimento contra o quadro crescente de depressão e burnout entre os trabalhadores e visa estimular a partilha das melhores práticas em matéria de felicidade empresarial e construir culturas organizacionais mais fortes

Em declarações ao Notícias ao Minuto, o CEO do Happiness Camp, António Pedro Pinto, destaca que os funcionários felizes são mais produtivos e sublinha, por isso, que as empresas deveriam ser as mais interessadas em manter as pessoas satisfeitas no local de trabalho. 

Além disso, acrescenta que as empresas têm à sua disposição algumas ferramentas que contribuem diretamente para a felicidade dos seus trabalhadores - e dá alguns exemplos. 

Cada um dos participantes no Happiness Camp tem o potencial de se transformar num embaixador da felicidade

O que é o Happiness Camp e como é que contribui para a economia e turismo local?

O Happiness Camp é a maior conferência sobre felicidade corporativa da Europa, que este ano se realiza a 14 de setembro, na Alfândega do Porto. A ideia surgiu no seio do Lionesa Business Hub, que serviu de incubadora para esta vontade de contagiar as pessoas e organizações para este objetivo que temos que é vivermos felizes. Assim, nasce o Happiness Camp, a partir de uma visão empresarial com o foco na felicidade e com o grande objetivo de partilhar as melhores práticas em matéria de felicidade empresarial e construir culturas organizacionais mais fortes. O evento foi concebido para se assemelhar mais a um festival do que a uma conferência tradicional, oferecendo uma mistura de aprendizagem e diversão aos seus participantes.

Numa perspetiva muito direta, o Happiness Camp mobiliza para a cidade do Porto alguns milhares de pessoas, que para além de participarem na conferência, também comem, divertem-se e dormem, com o impacto que todos percebemos. Para além disso, temos os impactos indiretos. Cada um dos participantes no Happiness Camp tem o potencial de se transformar num embaixador da felicidade, promovendo a cidade e a região envolvente.

Neste sentido, gostava de destacar que fizemos um trabalho preparatório que inclui parcerias com promotores turísticos, como por exemplo entradas gratuitas na Livraria Lello, com o objetivo de convidar os participantes a ficarem durante o fim-de-semana e explorarem a cidade e a região. A própria data da conferência, que está marcada para uma quinta-feira foi escolhida com esse propósito, para que os participantes fiquem e descubram a magia do norte de Portugal. Criámos inclusive o Speaker Experience Pack, que inclui experiências exclusivas no norte de Portugal, que se destina aos oradores internacionais que têm comunidades de influência grandes e que podem espalhar palavra sobre o magnetismo do Porto, Douro e norte de Portugal.

Depois da primeira edição, o que se espera para este ano?

Queremos oferecer aos participantes a melhor conferência de felicidade de sempre. E porque acreditamos que a felicidade deve ser acessível a todos, repetimos a fórmula da última edição e mantemos o acesso gratuito, mediante inscrição. Esperamos cerca de 6.000 participantes, de 12 nacionalidades diferentes.

Vamos ter dois palcos, o Happy Stage e o Joyful Stage, com especialistas nacionais e internacionais. O primeiro explorará a felicidade sob uma perspetiva holística, abrangendo a liderança, a responsabilidade social, a cultura organizacional e a diversidade, a equidade e a inclusão (DEI). Já o segundo focar-se-á em temas de nicho, como a ergonomia no escritório, a atividade física como catalisador de bem-estar e o papel da arte e da cultura na promoção da felicidade pessoal. De entre os convidados, o destaque vai para Jessica White, Head of Social Impact, EMEA & LatAm, no LinkedIn, Danny Robinson, Chief Creative Director na The Martin Agency, Neil Morrison, Chief People Officer na Staffbase, Walter Susini, Senior Vice President Marketing Europe na The Coca-Cola Company, Sunaina Kohli, Global Diversity, Equity & Inclusion Leader na Asos, José Pedro Marques da Silva, Senior Brand Manager na Mimosa, Sofia Castro Fernandes, criadora do 'As nove', Marco Moutinho, Diretor Desportivo na Jerónimo Martins, entre outros. 

Uma epidemia de burnout custa à economia mundial cerca de 322 mil milhões de dólares (cerca de 286 mil milhões de euros) por ano em perda de produtividade

Qual é a importância de falarmos sobre felicidade no local de trabalho numa altura em que há cada vez mais relatos de burnout na sociedade? 

É esse crescimento que torna o tema cada vez mais urgente e devemos analisá-lo numa perspetiva mais holística, com o terrível impacto negativo nas próprias pessoas e no seu círculo próximo - mas também podemos analisar o impacto económico. Posso citar a título de exemplo um relatório da Harvard Business Review que revelou que uma epidemia de burnout custa à economia mundial cerca de 322 mil milhões de dólares (cerca de 286 mil milhões de euros) por ano em perda de produtividade. 

Acredito que estes argumentos dão conta da dimensão e relevância do tema. É urgente uma tomada de consciência e de atitude: Queremos pessoas mais felizes!

A pandemia agravou e multiplicou os casos de ansiedade, esgotamento e depressão. (...) Este quadro pessoal teve efeito de contágio relativamente à vida profissional

A pandemia veio agravar o problema?

Está amplamente estudado que a pandemia agravou e multiplicou os casos de ansiedade, esgotamento e depressão. No primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado em março de 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Este quadro pessoal teve efeito de contágio relativamente à vida profissional. As falências, a instabilidade financeira, a incerteza em relação ao futuro e os sucessivos confinamentos criaram o cenário perfeito para o despoletar desta situação.

É por isso que temos toda esta urgência em lançar o tema da felicidade, convidando todas as pessoas a embarcarem nesta missão de transformar todas as empresas em locais onde as pessoas queiram trabalhar, conviver e crescer, a nível pessoal e profissional.

As empresas deveriam ser as mais interessadas em manter as pessoas felizes. (...) Os funcionários felizes são 12% mais produtivos que os restantes

O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal pode contribuir para uma maior taxa de felicidade empresarial?

Claro que sim, todos os estudos apontam nesse sentido.

Posso dar-lhe um exemplo que me é muito próximo e querido, que é o Lionesa Business Hub. No Lionesa BH criamos espaços de trabalho customizados, onde o nosso principal objetivo é a promoção de saúde e bem-estar entre a nossa larga comunidade com mais de 7.000 membros, fomentando a criatividade e, acima de tudo, dando prioridade à sustentabilidade. Promovemos um ambiente de trabalho flexível, onde as pessoas que nos visitam e que ali trabalham podem contar com inúmeros serviços, incluindo restaurantes, espaços de lazer, atividades de exercício físico e uma agenda cultural, artística e de eventos anual, fomentando a felicidade da nossa comunidade e da região.  Aliás, criamos o nosso próprio modelo de felicidade, a Lionesa Happiness Pyramid, que trabalha a felicidade em diferentes processos e de forma holística, desde as infraestruturas até às relações interpessoais, e o resultado foi um aumento do índice de felicidade entre os membros da nossa comunidade para 91%.

A felicidade no trabalho pode contribuir para a saúde física e mental dos funcionários. O stress relacionado com o trabalho pode ser responsável por vários problemas de saúde

Qual é a importância de as empresas terem pessoas felizes a trabalhar e como é que podem contribuir para isto?

As empresas deveriam ser as mais interessadas em manter as pessoas felizes. São vários os estudos que suportam este princípio, como por exemplo o realizado pela Universidade de Warwick, os funcionários felizes são 12% mais produtivos que os restantes. De igual forma, organizações com alto grau de compromisso dos colaboradores têm uma taxa de rotatividade 59% menor do que aquelas com baixos níveis. Numa altura em que a retenção de talento é fulcral, este aspeto ganha uma importância redobrada.

Existem ainda outros estudos que demostram que a felicidade no trabalho pode contribuir para a saúde física e mental dos funcionários. O stress relacionado com o trabalho pode ser responsável por vários problemas de saúde, enquanto ambientes de trabalho positivos podem reduzir taxas de absentismo e despesas médicas.

As empresas têm à sua disposição algumas ferramentas que contribuem diretamente para a felicidade dos seus trabalhadores

Por fim, mas não menos importante, colaboradores felizes muitas vezes sentem-se mais seguros para partilhar ideias inovadoras. Um ambiente de trabalho positivo favorece a criatividade e a resolução de problemas.

E as empresas têm à sua disposição algumas ferramentas que contribuem diretamente para a felicidade dos seus trabalhadores. O reconhecimento pelo bom desempenho, a capacidade de reconhecer a importância e promover o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, criação de oportunidade de formação e desenvolvimento, espaços de trabalho confortáveis e estimulantes e a promoção de comunicação aberta com duas vias, são alguns dos aspetos mais valorizados.

 O local onde vamos trabalhar quer-se acolhedor e promotor de experiências únicas e envolventes

Em resumo, funcionários felizes não só se beneficiam a si mesmos em termos de saúde e bem-estar, mas também trazem inúmeros benefícios para as empresas, desde aumento da produtividade até a retenção de talento. Assim, investir na felicidade dos colaboradores é, de facto, investir no sucesso da empresa.

No seu ponto de vista, que características deve ter um ambiente de trabalho saudável?

A promoção do bem-estar e o equilíbrio devem estar na base de um ambiente de trabalho saudável, que deve ser também flexível e personalizável. O local onde vamos trabalhar quer-se acolhedor e promotor de experiências únicas e envolventes, que integrem os vários elementos numa comunidade, para além do trabalho em si. As diferentes dimensões da nossa vida devem também ser incorporadas – o exercício físico, a arte e a cultura, a gastronomia, o lazer. O ser humano não se completa sem todas estas dimensões e isso é agora mais bem compreendido do que nunca. Estamos completamente preparados para abraçar a felicidade corporativa, trabalhando e vivendo cada vez melhor.

Leia Também: Se tem direito a algum apoio do Governo, atualize o IBAN (veja como)

Recomendados para si

;

Receba as melhores dicas de gestão de dinheiro, poupança e investimentos!

Tudo sobre os grandes negócios, finanças e economia.

Obrigado por ter ativado as notificações de Economia ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório