"José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi, vem transmitir publicamente que irá optar por desenvolver a sua carreira bancária no Banco Espírito Santo de Investimento, onde exerce o cargo de presidente da comissão executiva, apostando num projeto de natureza estratégica que pressupõe a separação da banca de investimento da banca comercial", lê-se numa declaração do responsável.
Esta opção está em "harmonia com o modelo de 'governance' [governação] que tem vindo a ser desenvolvido no mercado bancário internacional", realçou Ricciardi.
O banqueiro sublinhou que "tendo já sido reconhecida a sua idoneidade pela entidade de supervisão [Banco de Portugal] e o registo do seu mandato, propõe-se desenvolver uma parceria internacional que passará por um aumento de capital de significativa envergadura no Banco Espírito Santo de Investimento".
Segundo o responsável, este reforço de capital "contribuirá não só para o reforço da implementação da instituição e da sua capacidade de intervenção no mercado, como ainda para a obtenção de consideráveis benefícios para a economia nacional".
Este anúncio de Ricciardi surge no dia em que se confirmou a iminente saída de Ricardo Salgado da liderança do Banco Espírito Santo (BES).
Isto, através de um comunicado que faz o agendamento de uma assembleia-geral extraordinária do BES para 31 de julho, na qual os acionistas serão confrontados com as propostas do principal acionista do banco, o Espírito Santo Financial Group (ESFG), com 25,1%, entre as quais se destaca a saída do líder histórico Ricardo Salgado da presidência do banco.
O banqueiro deverá ser substituído na liderança da instituição por Amílcar Morais Pires, atual administrador financeiro, mas não vai dizer adeus à instituição.
Isto, porque caso os acionistas assim o aprovem na reunião magna, vai a presidir um novo órgão do banco, o conselho estratégico, que contará também com José Maria Ricciardi, entre outros.
Na reunião magna será decidida uma alteração dos estatutos do BES, "de modo a criar um novo órgão estatutário, denominado conselho estratégico, destinado a assistir o conselho de administração na definição da estratégia societária", lê-se num comunicado hoje enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A ESFG propõe que, para o novo órgão, sejam eleitos Ricardo Salgado, como presidente, José Manuel Espírito Santo Silva, José Maria Ricciardi, Ricardo Abecassis e Pedro Mosqueira do Amaral. Todos estes responsáveis integram atualmente o conselho de administração do BES e vão manter-se em funções até à data da assembleia geral.
Daí em diante, se os acionistas derem luz verde às mudanças propostas, estes cinco responsáveis, que representam os cinco ramos do GES - quatro da família Espírito Santo e um de Mosqueira do Amaral -, deixam os seus cargos no conselho de administração.
No final do ano passado, tornaram-se públicas as disputas pela liderança do BES entre Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi, presidente do BES Investimento e administrador do BES.
Apesar das tréguas públicas que as partes fizeram, o tema da sucessão não voltou a sair da agenda e os últimos episódios voltaram a pô-lo no centro do debate e confirmaram o adeus da presidência executiva de Ricardo Salgado, o líder histórico do BES.