Depósitos vão render? E as Euribor? O que pensa Mário Centeno em 4 pontos
O Notícias ao Minuto reuniu, em quatro pontos, os temas essenciais e as perspetivas partilhadas pelo antigo ministro das Finanças. Fique a par:

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Economia Mário Centeno
O antigo ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, partilhou, na quarta-feira, as suas perspectivas em relação à política monetária - nomeadamente às taxas de juro -, ao impacto nos juros dos depósitos e, ainda, sobre os preços da energia e sobre o mercado de trabalho.
Estas declarações foram proferidas, na quarta-feira, no programa 'Grande Entrevista' da RTP3, filmado no Museu do Dinheiro do BdP, em Lisboa.
O Notícias ao Minuto reuniu, em quatro pontos, os temas essenciais e as perspetivas partilhadas pelo antigo ministro das Finanças. Fique a par:
1. "Há margem". Juros dos depósitos vão continuar a subir, diz Centeno
Mário Centeno mostrou-se convicto de "que as taxas de juros dos depósitos vão continuar a subir nos próximos tempos", havendo "margem para isso acontecer e deve acontecer".
Mário Centeno recusou, contudo, a tese de que os bancos portugueses estão a ser muito lentos a subir a taxa de juro que oferecem pelos depósitos, referindo que a remuneração dos juros dos depósitos já aumentou 91%.
2. Euribor "vão continuar a subir" podendo começar a recuar no final do ano
Mário Centeno disse que as Euribor vão continuar a subir até setembro (12 meses) e novembro (3 e 6 meses), antecipando que a partir destas datas comecem a cair lentamente. "Esta trajetória vai continuar em alta", referiu.
Algum alívio com as prestações do crédito à habitação fica, assim, adiado para o final do ano, com Mário Centeno a referir que "os futuros indicam que a partir destas datas, setembro para 12 meses e novembro para 3 e 6 meses, as taxas vão começar a cair, lentamente".
3. É necessário que "reversão" de preços da energia se reflita na fatura
O governador do BdP alertou para a necessidade de a reversão dos preços da energia e dos alimentos ser refletida nos preços, para que a subida dos juros possa 'pausar'.
"Se os mercados ficarem com essa margem - seja por forma salarial, seja por forma de margem de lucros - não vamos sentir a reversão desses choques e a política monetária não vai poder 'pausar'", referiu Mário Centeno, no programa Grande Entrevista, da RTP3.
Mário Centeno sublinhou o objetivo do Banco Central Europeu (BCE) de trazer a inflação para o patamar dos 2%, afirmando que existem "todas as condições para que isso aconteça".
Neste contexto, referiu que os preços da energia registam hoje quedas superiores a 60% - tendo já revertido o choque da subida - e que nos mercados internacionais os preços dos alimentos estão a cair entre 30% e 30%, sublinhado "ser importantíssimo que a reversão dos choques se faça sentir no preço aos consumidores.
Se tal não acontecer, avisou, "vamos sofrer as consequências desse falhanço que seria não refletir nos preços a reversão dos choques [dos preços da energia e alimentos]".
4. Portugal não cria emprego qualificado com salários mais altos? É "mito"
Mário Centeno considerou ser um "mito" a ideia de que a economia portuguesa não cria empregos qualificados e com salários acima da média.
"Desde 2019 criámos 112 mil postos de trabalho em setores como comunicação, consultoria, setores científicos, imobiliário", disse, precisando que o salário médio destes novos empregos ronda os 1.800 euros.
Referindo que apesar de o turismo ser sempre apresentado como o grande motor da economia, os dados mostram que o emprego cresceu 35% naqueles setores (com o seu peso a passar de 10% para valores da ordem dos 14% a 15%), enquanto no mesmo período, ou seja, desde 2019, o turismo criou 44 mil postos de trabalho.
"Não é verdade que desde 2019 o emprego tenha crescido à custa de setores de salários baixos e à custa apenas do turismo", precisou, salientando que a economia portuguesa atravessa uma lógica de "transição", mas que este é um processo lento, que não consegue de repente responder às aspirações de todos os jovens qualificados.
Durante a entrevista, Mário Centeno refutou ainda um outro mito, muitas vezes com eco fora de portas, relacionado com os créditos contraídos pelas famílias.
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