"Com a sua implementação, contamos tornar os nossos consumidores mais resilientes à fraude e a ataques cibernéticos, com uma maior consciência dos enviesamentos comportamentais no acesso a serviços financeiros em canais digitais", disse Centeno no encerramento da conferência Digital Financial Literacy: a Strategy for Portugal, onde foi apresentada a Estratégia de Literacia Financeira Digital para Portugal.
Na cerimónia que decorreu no Museu do Dinheiro, em Lisboa, o governador do banco central assinalou que a estratégia é "da maior importância para promover serviços financeiros digitais" sustentados em atitudes, comportamentos e conhecimentos financeiros adequados.
Mário Centeno explicou que a estratégia apresentada "define políticas públicas essenciais para promover uma inclusão financeira digital esclarecida, que permita às pessoas beneficiar das vantagens dos serviços financeiros digitais, enquanto mitigam comportamentos de risco".
Na intervenção, o antigo ministro das Finanças recorreu a dados do inquérito à Literacia Financeira Digital da População Portuguesa de 2022, que concluiu que cerca de metade dos inquiridos utilizam 'homebanking'[banco pela internet] ou às aplicações móveis dos bancos para fazer a gestão das suas finanças.
Por outro lado, assinalou que se verificam, também, "importantes lacunas de conhecimentos" entre os que recorrem as estas funcionalidades, pelo que as suas atitudes e comportamentos "nem sempre são os mais apropriados para garantir a segurança digital e a proteção dos dados pessoais".
O governador do banco central assinalou que o BdP tem responsabilidades para manter o sentimento de estabilidade financeira alcançado em 2017, aquando da saída do procedimento por défices excessivos ou com a reclassificação da dívida portuguesa, que foram "relevantes" para uma "autoestima" do país.
"O Banco de Portugal não se pode alhear deste sentir coletivo", acrescentou, dizendo que "tem acompanhado de perto as tendências e os riscos da evolução tecnológica, eliminando barreiras regulatórias, assegurando a neutralidade tecnológica e promovendo a formação financeira".
A Estratégia de Literacia Financeira Digital, hoje apresentada, é um projeto assente em quatro objetivos, que propõe a implementação de quase 40 medidas e realizado numa parceria com a Comissão Europeia e a OCDE.
No relatório hoje divulgado, o BdP assinala que esta estratégia, a desenvolver em cinco anos, "tem por objetivo ajudar as pessoas que vivem em Portugal a desenvolver os conhecimentos, atitudes e comportamentos necessários para aproveitar as oportunidades relacionadas com a utilização dos serviços financeiros digitais e das tecnologias digitais, gerindo simultaneamente os riscos".
A estratégia pretende, ainda, dar resposta às "necessidades e lacunas existentes na formação financeira digital em Portugal".
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