Esta posição de Bruxelas consta de uma proposta legislativa hoje adotada pelo colégio de comissários sobre a reforma da gestão de crises no setor bancário e no quadro do sistema de garantias de depósitos, que prevê também alargar a proteção proporcionada por estes fundos aos depósitos até 100 mil euros já em vigor para particulares, para abranger também os depósitos de entidades públicas, tais como autarquias locais e hospitais.
Trabalhada há meses, mas apresentada poucas semanas depois das convulsões no sistema financeiro com a falência do banco norte-americano Silicon Valley e a crise do Crédit Suisse, que, segundo a própria Comissão, tornaram ainda mais evidente a necessidade de completar a União Bancária, a proposta hoje adotada visa reforçar a capacidade de resposta da UE e permitir o recurso aos instrumentos criados depois da crise financeira de 2008, concebidos sobretudo a pensar nos grandes bancos.
"O setor bancário da UE, que inclui um forte quadro de gestão de crises, tornou-se muito mais resistente nos últimos anos. As instituições financeiras na UE são bem capitalizadas, altamente líquidas e rigorosamente supervisionadas. No entanto, a experiência tem demonstrado que muitos bancos de média e pequena dimensão em falência têm sido geridos com soluções fora do quadro de resolução e tal envolveu por vezes a utilização do dinheiro dos contribuintes em vez dos recursos internos necessários do banco ou redes de segurança privadas, financiadas pela indústria", designadamente os sistemas de garantia de depósitos e fundos de resolução, aponta hoje a Comissão.
De acordo com o executivo comunitário, "a proposta de hoje permitirá às autoridades organizar a saída ordenada do mercado para um banco em falência de qualquer dimensão e modelo de negócio, com uma vasta gama de ferramentas".
"Em particular, facilitará a utilização de redes de segurança financiadas pela indústria para proteger os depositantes em crises bancárias, por exemplo, transferindo-as de um banco em dificuldades para um banco saudável. Esta utilização de redes de segurança deve ser apenas um complemento da capacidade interna de absorção de perdas dos bancos, que continua a ser a primeira linha de defesa", sustenta a Comissão Europeia.
As propostas hoje postas sobre a mesa pelo executivo comunitário começarão a ser agora negociadas com o Parlamento Europeu e com o Conselho.
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