"A central está profundamente preocupada com a falta de liberdade de organização e de repressão que se abateu sobre o sindicalismo livre na Bielorrússia", afirma a UGT.
Na carta enviada a João Cravinho, a UGT manifesta preocupação relativamente aos dirigentes sindicais que foram detidos em abril.
"A liberdade de associação na Bielorrússia não existia, mas a situação que já era má deteriorou-se depois da invasão da Ucrânia pela Rússia", afirma a UGT, acrescentando que "há um número significativo de sindicalistas presos, sob diversos pretextos, em processos políticos".
No caso em concreto está o julgamento de três dirigentes sindicais que se iniciou no dia 20 em Minsk cujos processos foram agrupados num único.
A central sindical defende que "seria da maior relevância solicitar ao Governo bielorrusso informação sobre o julgamento e pressionar para que haja observadores diplomáticos e da OIT [Organização Internacional do Trabalho] presentes no tribunal".
Segundo a UGT, Aliaksander Yarashuk, vice-presidente da ITUC-CSI, membro da OIT e presidente do Congresso Bielorrusso de Sindicatos Livres (BKDP) foi preso a 19 de abril e enfrenta acusações do código penal que lhe podem valer até 14 anos de prisão.
Outra das dirigentes sindicais é Iryna But-Husaim, secretária de imprensa do BKDP, acusada de violar a ordem pública.
Também Antusevitch Siarhei, vice-presidente do BKDP, "parece ter sido acusado de violar a ordem pública", lê-se na carta da UGT enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros.
De acordo com uma nota da UGT, em 1991, os trabalhadores criaram sindicatos livres e independentes na Bielorrússia e, em 1993, formaram uma central sindical, o Congresso Democrático dos Sindicatos Livres da Bielorrússia (BKDP) que uniu os sindicatos livres.
"Desde que Lukashenko [Presidente da Bielorrússia] chegou ao poder em 1994, a pressão sobre a sociedade civil foi crescendo gradualmente" e "desde 2000, foram introduzidos ideólogos nas empresas para controlar os trabalhadores, e 95% dos trabalhadores tornaram-se precários", reporta a central sindical portuguesa.
Em 2020, segundo a UGT, já só existiam quatro sindicatos democráticos: o Sindicato Independente da Bielorrússia (BNP), o Sindicato Livre da Bielorrússia (SPB), o Sindicato Livre dos Metalúrgicos (SPM) e o Sindicato Bielorrusso dos Trabalhadores da Indústria Radio-Electrónica (REP).
"Depois de Lukashenko ter apoiado a agressão militar da Rússia à Ucrânia", o BKDP condenou a agressão e a participação da Bielorrússia, o que "levou a detenções em massa e à liquidação do BKDP e dos sindicatos que lhe estavam associados", continua a UGT, realçando que "de momento a atividade sindical está essencialmente banida da Bielorrússia".
A única organização legal é a Federação dos Sindicatos Bielorrussos que, aponta a UGT, "é uma organização dependente do Governo".
De acordo com a central sindical portuguesa, nos últimos dois anos milhares de pessoas foram presas e 35.000 sentenciadas sob artigos administrativos.
"Neste momento existem 1.438 presos políticos na Bielorrússia" e, entre eles, "encontram-se 37 ativistas do BKDP", refere a UGT.
Leia Também: Sindicatos bancários reivindicam aumentos de 8,5% ao Crédito Agrícola