Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 2,25%, o alargado S&P500 recuou 2,49% e o tecnológico Nasdaq desvalorizou 3,23%.
Os investidores digeriram mal "uma decisão beligerante do comité monetário da Reserva Federal e vários indicadores que reforçam o argumento de que a economia se dirige para uma recessão", comentou Edward Moya, analista do Oanda.
O banco central dos EUA [Reserva Federal (Fed)], na quarta-feira, decidiu uma nova subida da sua taxa de juro de referência e divulgou previsões económicas mais sombrias. Depois, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco de Inglaterra fizeram o mesmo.
Mesmo que a subida da taxa de juro pela Fed em 50 pontos-base seja menor do que as anteriores, as mensagens dos seus dirigentes, bem como dos do BCE, mostram determinação em prosseguir na via do endurecimento monetário perante uma inflação que persiste.
"Além da subida das taxas, os dirigentes da Fed anteciparam uma taxa mais elevada em 2023", acima dos cinco por cento, o que arrefeceu o ânimo dos investidores, realçou Art Hogan, da B. Riley Wealth Management.
Ao mesmo tempo, os indicadores relativos à distribuição, mas também à produção industrial nos EUA, mostraram um arrefecimento nítido que representa um mau augúrio para a atividade económica em geral.
"O mercado de trabalho pode não cair, mas é cada vez mais claro que o consumidor está a enfraquecer, e que a atividade industrial está em recessão", avançou Moya.
As vendas no comércio retalhista nos EUA recuaram 0,6% em novembro, mais do que previsto, afetadas principalmente pelos desenvolvimentos negativos nas vendas de viaturas e na construção.
Mas, para Karl Haeling, do LBBW, foi sobretudo o tom firme do BCE que surpreendeu os investidores. A sua presidente, Christine Lagarde, também sinalizou riscos de curto prazo para o crescimento.
"A combinação de um BCE preocupado com fracos dados económicos" nos EUA, mas também na China, "tornou os investidores inquietos, os quais, até agora, não tinham considerado os riscos de uma 'aterragem' difícil da economia, com uma recessão acentuada", apontou Karl Haeling, da l'AFP.
Este analista sublinhou ainda que "o mercado está muito pouco líquido em dezembro, o que amplifica os movimentos ocorridos".
As mega capitalizações bolsistas do setor da tecnologia, muito sensíveis à subida das taxas de juro, que lhe encarecem os empréstimos feitos para investimento, sofreram em particular. Assim, a Alphabet, 'holding' da Google, a Meta (Facebook) e a Apple caíram mais de quatro por cento.
Da mesma forma, a Netflix apresentou um dos piores desempenhos, com um recuo de 8,63%, seguida por Roku (-7,76%), Disney (-3,84%) e até a Amazon (-3,42%).
Também a Snap, a 'holdimg' da rede social Snapchat, finalizou com fortes perdas, de 7,60%, depois de ser objeto de uma má avaliação por parte do banco de investimento Jefferies.
Mas os 11 setores em que se divide o índice alargado S&P500 fecharam todos em baixa, desde logo o dos erviços de comunicação (-3,84%) e o das tecnologias de informação (-3,78%).
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