"Más notícias para as perspetivas da zona euro. As decisões, a linguagem e as previsões do BCE apontam para uma política excessivamente 'hawkish' [restritiva] que irá agravar desnecessariamente a recessão que se aproxima", escreveu Vítor Constâncio, numa publicação no Twitter.
Os comentários do antigo governador do Banco de Portugal (BdP), que foi depois vice-presidente do BCE, durante o mandato de Mário Draghi, foram divulgados após o anúncio do banco central de revisão em baixa das previsões de crescimento na zona euro no próximo ano para 0,5%, ao mesmo tempo que subiu a estimativa de inflação para 6,3%.
Para o economista, a expressão do BCE de que "as ´taxas ainda terão que subir significativamente baseia-se em previsões de inflação controversas".
Vítor Constâncio afirma que "as previsões de dezembro (e junho) são coordenadas pelos BC [bancos centrais] nacionais, enquanto nos outros trimestres a equipa do BCE fá-lo".
Para Vítor Constâncio, "as perspetivas vindas de uma linguagem e previsões tão restritivas, materializando-se em decisões futuras compatíveis, são mais importantes do que o aumento de 50 pontos base da taxa hoje".
O BCE decidiu hoje aumentar as suas taxas de juro em 50 pontos base, um abrandamento em relação às duas subidas anteriores, que foram de 75 pontos base.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento fica agora em 2,5%, a taxa de depósitos em 2% e a taxa de juro aplicada à facilidade permanente de cedência de liquidez passa para 2,75%.
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