Inflação continuará alta? Centeno alerta para "uma inevitável recessão"

O governador do Banco de Portugal avisa que "se não controlarmos a inflação, o comportamento dos agentes económicos trará uma recessão".

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Beatriz Vasconcelos
10/11/2022 09:39 ‧ 10/11/2022 por Beatriz Vasconcelos

Economia

Centeno

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, alertou, na quarta-feira, que a prolongar-se o cenário de inflação elevada poderemos ter uma "inevitável recessão", sublinhando que o contexto macroeconómico atual está "cheio de incertezas". 

"A prolongar-se este cenário de inflação trará incerteza, perda de confiança dos agentes económicos e uma inevitável recessão. Como sabemos, a inflação começou por ser um fenómeno com origem na oferta, mas que se tem estendido para a procura, embora de forma ainda não generalizada. A subida generalizada, frequente e de grande dimensão dos preços passou a ser a norma e não a exceção", disse Mário Centeno, numa intervenção na Ordem dos Economistas.

Na opinião do governador, o "quadro macroeconómico atual está cheio de incertezas, associadas ao prolongamento da invasão atroz da Ucrânia e à dependência energética da Europa, onde a inflação elevada inflige uma pressão desestabilizadora". 

A taxa de inflação anual na zona euro voltou a bater recorde em outubro, chegando aos 10,7% em outubro após 9,9% no mês passado, segundo uma estimativa publicada pelo gabinete estatístico da União Europeia (UE), o Eurostat.

Em Portugal, a inflação em outubro ficou ligeiramente abaixo da média europeia, com 10,2%.

A taxa de inflação na zona euro tem vindo a acelerar desde junho de 2021, principalmente devido à subida dos preços da energia, e a atingir valores recorde desde novembro de 2021.  

"Ainda que as expetativas de inflação se mantenham ancoradas no médio prazo, urge agir, de forma coletiva, para um objetivo que é comum: trazer o mais rápido possível a inflação para 2%. A inflação é apenas um sintoma, que tem subjacente causas. Sem atacarmos as suas fontes, vai corroer as bases do nosso sistema económico, que nas últimas décadas beneficiou da estabilidade de preços. Se não controlarmos a inflação, o comportamento dos agentes económicos trará uma recessão", avisa Mário Centeno. 

O governador do BdP defende, por isso, que a política monetária deve entrar em prática e reitera que "não agir teria um custo recessivo maior do que aquele que o aumento das taxas de juro provoca"

Na semana passada, a presidente do BCE, Christine Lagarde alertou que mais aumentos das taxas de juro são de esperar no futuro. "Aumentámos as taxas em 200 pontos base e esperamos aumentar ainda mais as taxas. O nosso trabalho ainda está longe de estar completo", disse Lagarde.

A presidente do BCE reiterou que o banco terá de aumentar as taxas "para níveis que permitam atingir o objetivo [do BCE] a médio prazo de 2% de inflação", e que o "objetivo final" é claro e ainda não foi atingido.  

Leia Também: Luis de Guindos considera que BCE subestimou inflação e deve subir juros

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