"Percebemos que os tempos são difíceis para todos no mundo, mas os nossos vizinhos na Costa do Marfim e no Burkina Faso não estão a sofrer como nós", disse o comerciante de automóveis Kwesi Amoah, citado pela agência France-Presse.
Na zona comercial e de peças para automóveis de Acra, normalmente paralisada por engarrafamentos de trânsito, apenas os vendedores de comida de rua eram visíveis do lado de fora das lojas fechadas.
O Gana tem visto a sua dívida aumentar no seguimento da pandemia de covid-19, primeiro, e da invasão da Ucrânia pela Rússia, que fez os preços subirem a nível mundial, com especial incidência nos países mais vulneráveis às flutuações dos preços da energia e dos alimentos.
As críticas subiram de tom quando o Presidente, Nana Akufo-Addo, anunciou que estava em negociações com o Fundo Monetário Internacional para um programa de assistência financeira no valor de 3 mil milhões de dólares, sensivelmente o mesmo em euros, que poderá ter como contrapartida um conjunto de medidas de austeridade que podem agravar ainda mais a situação da população.
"É óbvio que não podemos continuar a sustentar esta situação", disse o presidente da União dos Comerciantes do Gana, Joseph Obeng, vincando que a greve de três dias era um grito de ajuda ao Governo.
Além da subida dos preços, os comerciantes e empresários enfrentam também um aumento das taxas de juro, o que torna os empréstimos comerciais mais caros.
O banco central do Gana aumentou, já este ano, a sua taxa de referência para 24,5%, um aumento de 10 pontos percentuais face a janeiro, para tentar controlar a subida da inflação.
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