Numa altura em que a Europa enfrenta uma grave crise energética, por causa da resposta russa às sanções impostas no seguimento da guerra na Ucrânia, a Comissão Europeia vai apresentar, esta quarta-feira, o plano de emergência energética para o inverno. Nuno Mello, analista da XTB, diz que a ideia passará por "controlar a procura".
"A ideia portanto é tomar medidas para controlar a procura. Algumas delas já estão a ser estudadas como a limitação do aquecimento de espaços públicos ou a recomendação para aquecimento dos lares com fontes alternativas (lenha, por exemplo)", disse o analista, num comentário enviado ao Notícias ao Minuto.
Contudo, com uma decisão deste género "pagaremos a fatura com contas mais altas de gás e desaceleração económica devido à suspensão da atividade em muitos setores industriais".
Nuno Mello lembra que a UE tem a opção de reativar as centrais a carvão, mas também estas "têm uma capacidade energética limitada e vão contra as políticas verdes recentemente adotadas".
A Comissão Europeia apresenta, esta quarta-feira, um plano de emergência para garantir gás no próximo inverno perante eventual corte de abastecimento por parte da Rússia, visando que a UE esteja "preparada para o pior".
"Os stocks parecem melhores do que no ano passado e os armazéns na Europa estão com dois terços da sua capacidade. Teoricamente, a situação não é muito má, mas tudo dependerá do inverno ser mais ou menos rigoroso e da Rússia retomar o fornecimento à Alemanha, após o fim da manutenção do Nord Stream I, agendado para esta quinta-feira", revela o analista da XTB.
A manutenção do gasoduto Nord Stream 1, na Alemanha, estará finalizada a 21 de julho, conforme planeado, assegurou à agência Efe a operadora da infraestrutura, perante os receios de que o fornecimento russo não seja retomado.
"Se tal informação for verdadeira, poderá afetar positivamente a avaliação dos ativos europeus e negativamente os preços do gás natural", diz ainda Nuno Mello.
Em meados de maio, a Comissão Europeia alertou para o risco de uma "grave rutura de abastecimento" de gás no próximo inverno na UE, devido aos problemas no fornecimento russo, propondo mais armazenamento e admitindo o recurso ao mecanismo de compras conjuntas.
Ao mesmo tempo, a instituição solicitou aos países da UE que atualizem os seus planos de contingência, peçam aos operadores de transporte que acelerem medidas técnicas para aumentar o fluxo e ainda que realizem acordos de solidariedade, já que só 18 dos 27 países têm infraestruturas para armazenar gás natural.
A guerra na Ucrânia, causada pela invasão russa do país no final de fevereiro passado, agravou a situação de crise energética em que a UE já se encontrava.
As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros. Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.
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