"O que a Autoridade da Concorrência vê, acho que mais ninguém vê, e eu vejo outros mercados onde eventualmente não tenho tantas certezas. É muito chato os reguladores serem assim em Portugal, mas estamos muito confiantes e vamos defender o nosso bom nome até ao fim", afirmou Cláudia Azevedo durante a apresentação das contas de 2021 do grupo Sonae.
Comentando a aplicação, pelo regulador português, de coimas por práticas lesivas da concorrência por parte de vários operadores, a CEO da Sonae rejeitou as acusações: "Nenhum consumidor português que vai fazer as suas compras aos supermercados portugueses tem algumas dúvidas de que somos extremamente competitivos", afirmou.
Sustentando que o setor da distribuição em Portugal "é, talvez, o mercado mais competitivo e mais promocional de toda a Europa", Cláudia Azevedo notou que, "quando há 'players' internacionais que chegam a Portugal, ficam sempre espantados com o nível de promoção que há" no país.
Em 03 de novembro do ano passado, a Autoridade da Concorrência (AdC) anunciou ter aplicado uma coima total superior a 92,8 milhões de euros à SuperBock, Modelo Continente, Pingo Doce, Auchan, ITMP (Intermarché Portugal) e a duas pessoas singulares por um esquema de fixação de preços.
"A investigação permitiu concluir que mediante contactos estabelecidos através do fornecedor comum, sem necessidade de comunicar diretamente entre si, as empresas participantes asseguravam o alinhamento dos PVP [Preço de Venda ao Público] nos seus supermercados, numa conspiração equivalente a um cartel, designada na terminologia do direito da concorrência por 'hub-and-spoke'", explicou a Concorrência em comunicado.
Conforme apontou na altura, esta prática elimina a concorrência e priva os consumidores da opção por melhores preços, "garantindo melhores níveis de rentabilidade para toda a cadeia de distribuição".
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