CGTP considera "inaceitável" situação salarial na Sumol+Compal
A secretária-geral da CGTP considerou hoje "inaceitável" que os trabalhadores da Sumol+Compal não tenham "evolução salarial significativa" há mais de 10 anos, passando de diferenças de 200 euros em relação ao salário mínimo para cerca de 25 euros.
© Reuters
Economia CGTP
Isabel Camarinha acompanhou hoje a manifestação de mais de uma centena de trabalhadores da empresa, desde a entrada da unidade da empresa em Almeirim (Santarém) até aos Paços do Concelho da cidade ao som de palavras de ordem como "o aumento dos salários é mesmo necessário" ou "Compal escuta, os trabalhadores estão em luta".
Caminhando atrás da faixa que sintetizava as razões do protesto -- aumentos salariais, valorização profissional, respeito pelos direitos --, a dirigente da Intersindical juntou-se à concentração que aconteceu na unidade de Almeirim, tendo igualmente estado presentes os deputados Fabíola Cardoso (BE) e António Filipe (PCP).
Isabel Camarinha afirmou que o protesto, que decorre hoje também na unidade de Pombal (Leiria), num dia em que os trabalhadores cumprem uma greve de 24 horas, resulta da ausência de resposta da administração da Sumol+Compal à carta reivindicativa aprovada em novembro pelos trabalhadores.
A líder da CGTP destacou o facto de os salários não terem "qualquer evolução significativa há mais de 10 anos", com a diferença em relação ao salário mínimo nacional a passar de 200 euros para 25 euros, ou menos, para trabalhadores "com qualificações, com experiência, com muitos anos de carreira".
"Isto é completamente inaceitável. Faz parte deste modelo que as empresas querem manter dos baixos salários, que, associado à precariedade, aos horários longos, desregulados, ao trabalho por turnos, desgastante, faz com que os trabalhadores não tenham condições de vida e de trabalho, nem conciliação da vida profissional com a pessoal e familiar, e não tenham dignidade na valorização das suas profissões", declarou.
Isabel Camarinha destacou a adesão ao protesto, criticando que uma empresa "com muitos milhões de euros de lucros", que manteve sempre a atividade, mesmo no período da pandemia da covid-19, não tenha sequer apresentado uma contraproposta aos sindicatos.
Para a dirigente da CGTP, a questão do aumento dos salários no país "é uma emergência, para haver desenvolvimento da economia, incremento do mercado interno, aumento da produção nacional e dinamização do próprio tecido empresarial", bem como receitas para o Estado cumprir com as suas obrigações.
A manifestação decorreu em frente à Câmara Municipal de Almeirim, liderada pelo socialista Pedro Ribeiro, porque, disse, a Sumol+Compal é dos maiores empregadores do concelho, cabendo à autarquia exigir que as empresas do concelho "cumpram com os direitos dos trabalhadores, respeitem a necessidade da atualização e do aumento dos salários".
Pedro Ribeiro recebeu uma delegação do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB), tendo-se comprometido a enviar uma missiva à Sumol+Compal, dando conta das preocupações transmitidas no encontro.
Os trabalhadores reivindicam, nomeadamente, a "reformulação do escalonamento da tabela salarial, quase totalmente absorvida pelo SMN [Salário Mínimo Nacional], e a implementação de perspetivas de progressão de carreira".
Na Carta Reivindicativa aprovada em novembro, era pedida uma valorização do vencimento base em 150 euros, para todos os trabalhadores, para inverter a perda do poder de compra ocorrida na última década, a atualização do subsídio de turno para 25% do salário base, bem como das horas noturnas (de 27,5% para 35% e de 39% para 50%) e do subsídio de refeição para 7,5 euros.
Por outro lado, os trabalhadores querem a adoção de "um sistema de diuturnidades, assente em seis escalões, em que cada escalão represente a permanência de cinco anos na mesma função", e uma valorização salarial acessória de 50 euros em cada diuturnidade.
Outras reivindicações são a implementação de 25 dias de férias sem penalizações e a redução faseada da carga semanal para 35 horas, "possibilitando aos trabalhadores a melhoria de qualidade da sua vida familiar, conciliando-a com a sua vida profissional, contribuindo para a melhoria dos índices de produtividade da empresa", afirma o documento.
Questionada pela Lusa, a Sumol+Compal disse reiterar que "está sempre disponível para ouvir as preocupações dos seus trabalhadores através de um diálogo aberto e responsável".
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